29.9.11

Em grupo, idosos reduzem riscos de depressão e outras doenças, diz estudo


Vínculos afetivos

Por Maria Fernanda Schardong

Um apoio nas horas difíceis, uma companhia para dar boas risadas, uma companhia para uma viagem, um ouvido atento para partilhar segredos, disposição para dividir experiências. O que diz o senso comum sobre o bem que uma amizade faz tem também respaldo científico. Uma pesquisa realizada em Chicago, nos Estados Unidos, diz que idosos solitários têm o dobro de chances de desenvolver demências em relação aos que mantêm um bom círculo de amizades. O estudo americano também serve de alerta para uma doença que vem crescendo entre a população idosa: a depressão.
A pesquisa foi realizada pela Rush University Alzheimer´s Disease Center, em Chicago, e acompanhou cerca de 800 pessoas com idade média de 80 anos durante quatros anos de pesquisa. No início do estudo, nenhum dos participantes apresentava sinais de demência, entretanto, alguns se descreveram como pessoas solitárias e obtiveram resultado positivo em um teste feito para medir o nível de solidão. 

Durante o estudo, 76 participantes desenvolveram o mal de Alzheimer e aqueles com maiores pontuações na escala de solidão tinham mais que o dobro de chances de desenvolver demências do que os integrantes com mais ligações sociais e que marcaram menos pontos na escala.

A pesquisa americana pode ser mais um alerta para uma das doenças que vem tomando proporções cada vez maiores entre os idosos, a depressão. De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), 20% das pessoas com mais de 60 anos sofrem de alguns sintomas de depressão.

Segundo a neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) Sônia Brucki, a depressão é um importante fator de risco para o comprometimento das funções cognitivas e até mesmo a demência. “O sentimento de solidão pode estar diretamente relacionado à depressão. Além disso, pode estar relacionada a um isolamento voluntário da pessoa, podendo ser outro sinal de comprometimento cognitivo. Sem contar que, na solidão, o indivíduo tem pouca socialização, o que diminui a estimulação cerebral”, explica ela.


A interação social tem papel fundamental na preservação das funções cognitivas, principalmente para os idosos. Uma simples ida ao cinema com os amigos permite a estimulação cerebral. “No convívio social temos espaço para o aumento dos estímulos externos, como a discussão de ideias, o que possibilita a comunicação e a interação entre as pessoas. Essa troca de informações e conhecimento permite uma grande estimulação cerebral e, consequentemente, preserva as funções cognitivas”, afirma a neurologista.

Equilibrar os aspectos emocional e físico pode garantir mais qualidade de vida. Manter boas relações sociais, praticar atividades físicas e mentais são atirudes que podem permitir ao idoso um envelhecimento saudável, livre de demências. “A discussão de pontos de vista, seja sobre artigos em revistas, jornais ou sobre novelas, por exemplo, afasta o indivíduo do isolamento, além de minimizar quadros depressivos. De fato, as pessoas necessitam de equilíbrio, seja emocional, seja físico. Todos os esforços devem ser feitos para a manutenção de uma vida saudável e equilibrada, mantendo uma atividade física e mental regular”, aconselha Brucki.