1.10.11

Síndrome demencial

O que é?

A chamada síndrome demencial vascular caracteriza-se por deterioração de várias áreas do funcionamento mental – por exemplo, memória, cálculo, orientação, raciocínio abstrato –, o que resulta em prejuízo para a capacidade do indivíduo em suas atividades profissionais, aprendizado, contato social etc. Uma das principais causas de deterioração mental em adultos são as doenças cerebrovasculares, principalmente em países como o Brasil, onde o controle dos chamados fatores de risco vascular – como fumo, sedentarismo, excesso de peso e hipertensão – é precário para boa parte da população.

Quando aparece?

A probabilidade de ocorrer deterioração cognitiva aumenta com a idade. O envelhecimento, porém, não é necessariamente associado ao aparecimento de demência.

O que causa a doença?

A demência vascular é conseqüência de um ataque vascular cerebral (AVC), que leva ao surgimento de alterações cognitivas, ou seja, alterações relacionadas ao raciocínio, à memória, à percepção etc. Algumas lesões vasculares, geralmente pequenos infartos cerebrais por obstrução de uma artéria de pequeno calibre, são aparentemente silenciosas. Entretanto, esses infartos silenciosos podem justificar alterações cognitivas importantes em pacientes idosos, seja por si só ou em combinação com outros problemas – por exemplo, doença de Alzheimer.
Distribuição na população

As doenças vasculares do cérebro ocorrem mais em homens e aumentam em freqüência com a idade ou na presença dos chamados fatores de risco vascular. Os principais fatores de risco são: hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, doenças cardíacas como fibrilação atrial e doença coronariana.
O que muda no sistema nervoso?

Os danos às artérias – vasos sangüíneos que levam o sangue às diversas partes do cérebro – comprometem a circulação sangüínea cerebral. As lesões resultantes podem afetar tanto a substância cinzenta (onde se concentram os neurônios) quanto a substância branca (rica em prolongamentos destes neurônios e necessária para a comunicação entre as células). As lesões podem ser grandes, visíveis a olho nu em exames como a tomografia computadorizada, ou mais discretas e difusas, provocando principalmente perda da camada de gordura das células – a chamada desmielinização ou leucoaraiose. Geralmente, os vários tipos de lesão são visíveis na ressonância magnética do cérebro.
Sintomas

Os sintomas principais são a deterioração intelectual, déficit de memória recente e desorientação no tempo e no espaço, sem que haja um comprometimento do nível de consciência (ou seja, o indivíduo permanece alerta). Pode haver alterações do comportamento e do humor, perda de vários aspectos da linguagem, do juízo crítico e da capacidade de abstração, além de desinteresse pelo ambiente e por si próprio (higiene, vestuário etc.).

Várias alterações adicionais podem existir, conforme as regiões do cérebro afetadas pelas lesões. Estas alterações – por exemplo, paralisia ou alterações do campo visual – podem contribuir para limitar o que o indivíduo pode realizar sem auxílio.

A evolução é geralmente lenta. Quando lesões vasculares novas se associam, porém, a piora mental é perceptível.
O que parece mas não é demência vascular?

O envelhecimento se associa a muitas outras causas de deterioração cognitiva, como a doença de Alzheimer e doença de Parkinson (em fases avançadas). A associação entre problemas vasculares e doença de Alzheimer é bastante comum, ambas contribuindo, muitas vezes, para a deterioração cognitiva progressiva. Em pacientes mais jovens, principalmente, deve-se excluir uma série de outras condições de demência, como AIDS e as chamadas demências com atrofia frontotemporal predominante.
O que muda na vida da pessoa doente?

Como as alterações são progressivas e freqüentemente irreversíveis, ocorre uma desorganização da vida psíquica do doente, acompanhada de perda da capacidade de trabalho e disfunção sócio-familiar. A doença costuma ter elevado custo social e familiar, pela dependência funcional do paciente.
Tratamento

O tratamento dos fatores de risco presentes em cada caso é considerado prioritário, podendo contribuir ao menos para a estabilização do problema, já que reduz as chances de surgirem novas lesões. Em particular, o controle adequado da hipertensão arterial e a suspensão imediata do tabagismo são considerados essenciais.

Além disso, a associação freqüente da demência vascular com a doença de Alzheimer e as alterações de memória (análogas àquelas presentes na própria doença de Alzheimer) levaram à realização de estudos com drogas capazes de aumentar o teor do neurotransmissor acetilcolina em certas áreas do cérebro em pacientes com demência vascular. Drogas como a rivastigmina, o donepezil e a galantamina vêm se mostrando potencialmente úteis para minimizar o déficit cognitivo nestes pacientes. 


As informações contidas neste texto têm caráter informativo, não devendo ser usadas para incentivar a automedicação ou substituir as orientações médicas. O médico deve sempre ser consultado a fim de prescrever o tratamento adequado.


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