27.5.12

Você sofre de mau humor? Saiba o que é distimia


Foram anos de mau humor. Constantemente irritada, a jornalista Cristina David, de 47 anos, perdeu três empregos e conquistou poucos amigos ao longo da vida. Transformava problemas comuns da rotina diária em tempestades. “Com 14 anos comecei a sentir muita irritação, mas quando fiz 18 anos a situação piorou. Comecei a reclamar de tudo, me irritava quando levantava para trabalhar. Se eu perdesse uma vaga para estacionar o carro já ficava mal o dia inteiro”. 



O caso de Cristina não é um simples comportamento, uma “personalidade forte” como diriam alguns. A jornalista é portadora de Distimia, uma depressão crônica e moderada, cujos sintomas são contínuos por mais de dois anos. Assim como no caso dela, o alívio das manifestações de mau humor só é possível com uma combinação de medicamentos com psicoterapia.

“Com o tratamento a gente muda completamente, o remédio ajuda muito. Antes era difícil, eu não entendia o que acontecia, achava que eu era daquele jeito e pronto”. 

A médica psiquiatra Ana Hounie, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, explica que a Distimia é um quadro depressivo mais suave. “Em estudos, foram dados antidepressivos para essas pessoas. Uma boa parte delas melhorou, demonstrando que era doença e não algo da personalidade, já que a personalidade é imutável” 

Segundo a médica, pessoas com a doença tem um humor flutuante, mas dificilmente conseguem ficar mais de um mês de bem com a vida. São insatisfeitas, negativas e muito críticas. Manter relacionamentos torna-se complicado. “Em geral são pessoas mais ácidas, sarcásticas e irritadas. E possuem alguns sintomas da linha depressiva: comem demais ou têm falta de apetite, têm insônia ou sonolência excessiva”, diz a psiquiatra.

O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e dificilmente sente prazer em algo. Não basta a solução de um problema, ele continua remoendo o fato. Imagine uma pessoa que ganha na loteria, mas pensa que pode ser assaltada ou sequestrada.

Todas as idades

A Distimia, reconhecida pela medicina nos anos 80, pode começar ainda na infância, afetar adultos e idosos. A prevalência é maior entre as mulheres. Existe uma tendência genética: na família do paciente, normalmente, outras pessoas têm depressão e transtornos de humor. 

Como acontece na depressão profunda, existe um desequilíbrio químico nos neurotransmissores em regiões do cérebro que comandam o humor, como o sistema límbico, o hipotálamo e o lobo frontal.

A estimativa é de que quase 200 milhões de pessoas no mundo tenham Distimia. Aproximadamente 30% delas tem risco maior de sofrer quadros depressivos mais graves.

Ana Hounie ressalta que nem todas as pessoas mal-humoradas são doentes. Outros motivos precisam ser levados em conta, como o convívio em um ambiente conturbado. “No caso da Distimia, o mal humor tem que ser crônico e sem motivo, sem justificativa. É uma pessoa que tem dinheiro, relacionamento, tudo o que precisa, e mesmo assim está sempre irritada”.

Para a especialista, quem tem os sintomas deve procurar ajuda médica. “Muitos acham que é o jeito de ser, que é assim e pronto. Mas é doença, e se pode melhorar com remédio, vale a pena tratar”.

Sintomas

- Irritabilidade
- Mau humor
- Baixa auto-estima
- Desânimo e tristeza
- Predominância de pensamentos negativos
- Alterações do apetite e do sono
- Falta de energia para agir
- Isolamento social

26.5.12

TUBERCULOSE



O que é?

Doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas, também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

Qual a causa?

Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micobactérias também podem causar a tuberculose. São elas: Mycobacterium bovis, africanum e microti.

Quais os sintomas?


Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados durante alguns anos (meses). Contudo, na maioria dos infectados, os sinais e sintomas mais freqüentemente descritos são tosse seca contínua no início, depois com presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue; cansaço excessivo; febre baixa geralmente à tarde; sudorese noturna; falta de apetite; palidez; emagrecimento acentuado; rouquidão; fraqueza; e prostração. Os casos graves apresentam dificuldade na respiração; eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acumulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) - se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.
Como se transmite?

A transmissão é direta, de pessoa a pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Somente 5% a 10% dos infectados pelo Bacilo de Koch adquirem a doença. Pessoas com Aids, diabetes, insuficiência renal crônica (IRA), desnutridas, idosos doentes, alcoólatras, viciados em drogas e fumantes são mais propensos a contrair a tuberculose.
As gotículas mais pesadas caem no solo. As mais leves podem ficar suspensas no ar por diversas horas. Somente os núcleos secos das gotículas (Núcleo de Wells), com diâmetro de até 5µ e com 1 a 2 bacilos em suspensão, podem atingir os bronquíolos e alvéolos e aí iniciar a multiplicação.

Período de Incubação


Em média, de 4 a 12 semanas até a descoberta das primeiras lesões. Grande parte dos novos casos de doença pulmonar ocorre por volta de 12 meses após a infecção inicial.

Período de Transmissibilidade

É plena enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não tiver iniciado o tratamento. Com o uso do esquema terapêutico recomendado, há uma redução na transmissão, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças geralmente não são foco de infecção.

Diagnóstico Diferencial

Pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico, dentre outras enfermidades.

Diagnóstico Laboratorial

São utilizados os seguintes métodos: bacterioscópico (baciloscopia e cultura), radiológico, prova tuberculínica, anátomo-patológico (histológico e citológico), sorológico (a sorologia para TB não apresenta a acurácia necessária, não sendo, ainda, método aceito universalmente) , bioquímico e de biologia molecular.

Como tratar?
A tuberculose é uma doença curável em praticamente 100% dos casos novos, sensíveis aos medicamentos anti-TB, desde que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e a adequada operacionalização do tratamento.
A associação medicamentosa adequada, as doses corretas e o uso por tempo suficiente são os princípios básicos para o adequado tratamento evitando a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência aos fármacos, assegurando, assim, a cura do paciente. A esses princípios soma-se o Tratamento Diretamente Observado (TDO) como estratégia fundamental para o sucesso do mesmo.

O tratamento deve ser feito por um período mínimo de seis meses, sem interrupção, diariamente. São utilizados quatro fármacos para o tratamento dos casos que utilizam o esquema básico: rifampicina (R), isoniazida (H), pirazinamida (Z) e etambutol (E). Quase todos os pacientes que seguem o tratamento corretamente são curados.

Como se prevenir?


Para prevenir a doença é necessário imunizar as crianças de até 4 anos, obrigatoriamente as menores de 1 ano, com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, mal ventilados e sem iluminação solar. A tuberculose não se transmite por fômites e pelo uso de objetos compartilhados. Cuidado para não agravar os estigmas.
TUBERCULOSE » Histórico

Segundo algumas evidências, a tuberculose existe desde os tempos pré-históricos. Foram encontrados esqueletos de múmias do antigo Egito (3000 a.C.) e, mais recentemente, uma múmia pré-colombiana no Peru com sinais da doença. Várias tentativas de tratamento foram feitas, desde a ingestão de preparados exóticos até a utilização de sangrias e a indução de vômitos. Alguns pacientes eram proibidos até mesmo de falar ou rir e ficavam deitados sem poder se movimentar. O mais comum deles se tornou a mudança de clima: os pacientes se deslocavam para regiões litorâneas ou montanhosas para se tratar e aqueles que não tinham forças para a viagem passavam a dormir com travesseiros de folhas de pinheiro ou colocar algas marinhas debaixo da cama.

No final do Século 19, pacientes abastados recebiam cuidados em sanatórios que eram como pousadas nas montanhas. Ao longo do tempo, esses lugares passaram a ser usados para isolamento dos doentes, tornando-se centros de tratamento para pessoas de qualquer classe social. A maior dificuldade encontrada pelos médicos era firmar o diagnóstico da doença antes que ela provocasse a falha dos pulmões e dos ossos. Esse diagnóstico só foi possível a partir de 1824, após a invenção do estetoscópio. Em 1882, o famoso bacteriologista alemão Robert Koch identificou o agente causador da enfermidade, a bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamada de Bacilo de Koch em homenagem ao seu descobridor. A invenção do raio X, no final do Século 19, permitiu a produção (visualização) das imagens das partes internas do corpo, facilitando o diagnóstico da tuberculose.

Em 1908, os cientistas Albert Calmette e Camille Guérin conseguiram isolar uma cepa do bacilo da tuberculose para produzir culturas vivas atenuadas a serem usadas como vacina. A cepa recebeu o nome de Bacilo Calmette-Guérin, de onde surgiu o nome "BCG". Foi aplicada pela primeira vez em crianças em 1921. Somente em 1944 foi inventado o primeiro antibiótico, a estreptomicina, produzida a partir da garganta de uma galinha. Entretanto, sem o apoio ao tratamento e o contato entre doentes, surgiram bactérias resistentes ao medicamento. Para contornar o problema, desenvolveu-se um coquetel com quatro antibióticos.

Características Clínicas e Epidemiológicas

No Brasil e em outros 21 países em desenvolvimento, a tuberculose é um importante problema de saúde pública. Nesses países encontram-se 82% dos casos mundiais da doença. Segundo estimativas, cerca de um terço da população mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis, com o risco de desenvolver a enfermidade. Todos os anos são registrados por volta de 5,4 milhões de novos casos e quase 1,5 milhões de mortes. Pessoas idosas, minorias étnicas e imigrantes estrangeiros são os mais atingidos nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, o predomínio é da população economicamente ativa (de 15 a 54 anos) e os homens adoecem duas vezes mais do que as mulheres. No Brasil, estima-se que mais de 64 milhões de pessoas estão infectadas pelo bacilo da tuberculose. Por ano são notificados aproximadamente 69 mil casos novos e de 4,6 mil mortes em decorrência da doença. Com o surgimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA/ AIDS), em 1981, observa-se, tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, um crescente número de casos notificados de tuberculose em pessoas infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A associação dessas duas enfermidades constitui um sério problema de saúde pública, podendo levar ao aumento da morbidade e mortalidade pela TB em muitos países.


Agente Etiológico
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Mycobacterium tuberculosis, bovis, africanum e microti são espécies do bacilo. Outras espécies de micro bactérias podem produzir quadro clínico semelhante ao da tuberculose. E para efetuar o diagnóstico diferencial e identificar as micros bactérias é preciso realizar a cultura nos laboratórios de referência.

Reservatório
O homem é o principal reservatório. Entretanto, em algumas regiões, o gado bovino doente pode também servir de fonte de infecção. Raramente primatas, aves e outros mamíferos exercem papel de reservatório. De maneira geral, a fonte de infecção é o indivíduo com a forma pulmonar da doença, que elimina bacilos para o exterior. Estima-se que a pessoa que apresenta esse quadro pode infectar de 10 a 15 pessoas da sua comunidade num período de um ano.
Em 2009, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, juntamente com o seu Comitê Técnico Assessor reviu o sistema de tratamento da TB no Brasil. Baseado nos resultados preliminares do II Inquérito Nacional de Resistência aos medicamentos anti-TB, que mostrou aumento da resistência primária à isoniazida (de 4,4 para 6,0%), introduz o Etambutol como quarto fármaco na fase intensiva de tratamento (dois primeiros meses) do Esquema básico.

A apresentação farmacológica deste esquema passa a ser em comprimidos de doses fixas combinadas dos quatro medicamentos (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamipa e Etambutol), nas seguintes dosagens: R 150 mg, H 75 mg, Z 400 mg e E 275 mg. Essa recomendação e apresentação farmacológica são as preconizadas pela Organização Mundial da Saúde e utilizadas na maioria dos países, para adultos e adolescentes. Para as crianças (abaixo de 10 anos), permanece a recomendação do Esquema RHZ.
O esforço do Brasil para a diminuição dos números da tuberculose também foi reconhecido no Relatório Anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a Tuberculose (Global Tuberculosis Control - WHO Report 2011) e na edição de março do Lancet, um dos jornais médicos mais respeitados da Inglaterra. O periódico destacou que o Brasil, onde a incidência da doença cai há 15 anos, possui um modelo de acesso universal à saúde.

Avanços
O número de casos registrados no último ano no país caiu 3,54%: foram registrados 71.790, em 2010, contra 69.245, em 2011. Pela primeira vez, os casos de tuberculose foram inferiores a 70 mil.
Em 2001, a taxa foi de 42,8 casos para 100 mil habitantes. Caiu, em 2011, para 36,0. Uma queda de 15,9 pontos percentuais na última década. Em relação à taxa de mortalidade, em 2011, foi de 3,1 óbitos para cada 100 mil habitantes. Contudo, caiu para 2,4 em 2010, uma queda de 23,4% ao longo dos últimos 10 anos.
Determinantes sociais– À medida que a tuberculose diminui na população em geral, em alguns segmentos a doença se distribui de forma mais concentrada. Os grupos populacionais mais vulneráveis são aqueles que vivem em condições desfavoráveis de moradia e alimentação, em conglomerados humanos, e entre pessoas com sistema imune deficiente e dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
Entre as ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde no controle e combate à doença está à ampliação do orçamento em 14 vezes, desde 2002. Naquele ano, os recursos foram de US$ 5,2 milhões, aumentando para US$ 74 milhões em 2011. Destacam-se o esforço para ampliar as notificações dos casos de tuberculose na Atenção Básica, um alcance de 56,3%; o aumento 71,5% na oferta de tratamento diretamente observado; o aprofundamento da parceria entre o Ministério da Saúde e os setores; e o desenvolvimento de cursos de capacitação de profissionais da área de saúde.
PNCT– O programa privilegia a descentralização das medidas de controle para a Atenção Básica, ampliando o acesso da população em geral e das populações mais vulneráveis ou com o maior risco de contrair a tuberculose. O controle da doença é baseado na busca de casos; no diagnóstico precoce e adequado; e no tratamento até a cura, com o objetivo de interromper a cadeia de transmissão e evitar possíveis adoecimentos.

14.5.12

Aprenda cuidar da higiene íntima e evite odores indesejados


Produtos de higiene íntima até disfarçam odores da região genital e evitam infecções, mas não precisam ser usados todos os dias. Saiba por quê.



Por trás de uma atitude que aparentemente seria apenas uma questão de higiene, existe um incômodo feminino velado: a má relação com o próprio cheiro, ou melhor, com o odor natural da região genital. "A mulher não lida bem com o odor da vulva nem com a secreção normal", atesta a ginecologista Carolina Carvalho Ambrogini, coordenadora do Ambulatório da Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


Para a médica, isso está relacionado à falta de intimidade com o próprio corpo, o que é fruto de uma educação sexualmente repressiva. "É comum a mãe dizer à filha para não colocar a mão na genitália por ser 'suja' ou 'nojenta'", diz Carolina. Isso explica por que tantas mulheres usam os produtos de higiene íntima diariamente e de forma até exagerada. "Eles não são essenciais para uma boa higiene íntima", revela. Entenda os motivos.



O que é pH vaginal?

Trata-se do grau de acidez que mantém a flora vaginal em equilíbrio e impede a ação de bactérias. O pH ideal (medido em exames de laboratório) fica entre 3,5 e 4,5. Quando esse número é alterado (por vários motivos, como estresse ou uso contínuo de antibióticos), alguns micro-organismos se proliferam na região, causando infecções vaginais. Produtos de higiene íntima seguem o padrão vaginal (de 3,5 a 4,5) e mantêm a acidez necessária para evitar infecções, mas a higiene íntima não precisa necessariamente ser feita só com esses produtos. "Eles podem ajudar mulheres que vivem tendo infecções ginecológicas", diz Carolina. O sinal de alerta é quando surgem três infecções em seis meses. "Quem não convive com esse problema não precisa usar esses produtos todos os dias", completa a médica. "Recomendo usar, no máximo, duas vezes por semana. E, na falta deles, substitua por sabonete neutro ou infantil", conclui a ginecologista Carolina.

Qual a importância da limpeza?

Mais importante do que "qual produto usar" é "como higienizar" corretamente a vulva, que é diferente da vagina: a primeira é a parte externa e a segunda, a interna. A limpeza, explica a ginecologista, deve ser diária, sempre com água corrente e sabonete comum. "É importante passar os dedos entre os pequenos e grandes lábios para tirar a gordurinha branca produzida naturalmente", ensina. "Além disso, é proibido lavar internamente a vagina com ducha, porque isso vai desequilibrar o pH e facilitar infecções." Também não é necessário lavar a região após evacuar: mas a limpeza com papel higiênico deve ser sempre feita da frente para trás, a fim de evitar qualquer contaminação vaginal. Não é preciso também fazer uma limpeza especial após a relação sexual, orienta Carolina. "Basta lavar normalmente com água e sabonete."

Quando o odor é anormal?

Um corrimento deixa de ser uma secreção natural e vira infecção quando está amarelo, provoca coceira, ardência, dor e odor forte. "Fica igual ao cheiro de peixe podre", diz a ginecologista Carolina. Se não existe nenhuma dessas alterações, não há motivo para se preocupar. Para as mulheres que se sentem desconfortáveis com a secreção e odor característicos, a médica aconselha a levar na bolsa calcinha extra e limpa, e trocá-la durante o dia. "É muito melhor do que passar encinho íntimo toda hora, porque esse hábito pode retirar a proteção natural", ressalta a médica. "Mas a limpeza com lencinho uma vez ao dia é até aceitável". Só durante o período de menstruação esse produto é bem-vindo a qualquer momento.
Reportagem: Ciça Vallerio - Edição: MdeMulher

13.5.12

Tratamento da Úlcera por Pressão - Profa. Dra. Maria Helena Larcher Caliri



1 - Resumo
São apresentados os pontos chaves da das Diretrizes para a prática clínica do Tratamento de Úlceras de Pressão publicadas em 1994 desenvolvidas por um painel americano de profissionais de saúde e consumidores com base na evidência científica disponível na época e no julgamento profissional.
A força de evidência que dá suporte a cada recomendação é apresentada após cada afirmação em níveis pelas letras A, B, e C (dentro de parênteses) e foi baseada nos seguintes critérios:
A) Resultados de 2 ou mais experimentos clínicos controlados e randomizados em seres humanos relacionados a úlcera por pressão;
B) Resultados de 2 ou mais experimentos clínicos controlados de úlceras por pressão em seres humanos ou, quando apropriados, resultados de 2 ou mais experimentos controlados em modelos animais.
C) Um ou mais do seguinte:
• resultados de um estudo clínico controlado;
• resultado de pelo menos duas séries de casos ou estudos descritivos de úlcera por pressão em seres humanos;
• opinião de especialistas.

2 - Objetivo
O objetivo da diretriz é oferecer recomendações para o tratamento da úlcera por pressão; assim, aspectos relacionados a avaliação da lesão e tratamento são apresentados.
Os tópicos abordados incluem:
avaliação do paciente e das úlceras;
os cuidados da ferida;
o controle da sobrecarga nos tecidos;
o controle da colonização bacteriana e da infecção;
o reparo operatório através de cirurgia plástica;
a educação dos pacientes, familiares e profissionais e a melhoria da qualidade dos serviços.
Árvores de decisão ou algoritmos são incluídos para mostrar a sequência de eventos relacionados ao cuidado total do indivíduo com uma Úlcera por Pressão incluindo a avaliação e o suporte nutricional, o controle da sobrecarga dos tecidos com redução da pressão, os cuidados com a ferida e o controle da colonização e infecção bacteriana.
As Úlceras por Pressão são problemas sérios que afetam aproximadamente 9% de todos os pacientes americanos hospitalizados e 23% de todos os pacientes em “nursing homes” (hospitais para pessoas com doenças/problemas crônicos de saúde).
Esta condição pode ser difícil de tratar e frequentemente resulta em dor, desfiguramento e prolonga a hospitalização. Entretanto, um tratamento imediato e eficaz, pode minimizar esses efeitos nocivos e tornar mais rápida a recuperação.
As úlceras por pressão são localizadas nas regiões das proeminências ósseas e classificadas em níveis de acordo com os graus de danos observados no tecido e/ou a profundidade da lesão.
Entretanto as Úlceras por Pressão, não necessariamente, progridem do estágio I para o estágio IV e não cicatrizam do estágio IV para o I já que a cicatrização geralmente é por segunda intenção.
Os estágios da Úlcera por Pressão foram atualizados em 2007 pelo NPUAP (clique aqui)
Quando a crosta (escara) está presente, a Úlcera de Pressão não pode ser avaliada no estágio atual, até que a crosta seja removida.
Pode ser difícil de avaliar a Úlcera por Pressão, em pacientes que estejam com gesso, outros aparelhos ortopédicos ou meias elásticas de suporte.
Uma vigilância extra é requerida para avaliar úlceras sob estas circunstâncias.
Esta diretriz fornece um programa compreensivo para o tratamento de indivíduos com Úlceras nos estágios II, III e IV. As recomendações têm a intenção de auxiliar os profissionais a examinar e tratar as pessoas que tem a úlcera.
Essas recomendações serão de interesse para o médico clínico, especialistas em geral, geriatras, fisioterapeutas, enfermeiras e estomaterapeutas, profissionais de comissões de controle de infecção, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas. Podem ser utilizadas em unidades de Internação geral, Unidades de Terapia Intensiva, reabilitação, clínicas geriátricas e no cuidado domiciliar.
Apesar das recomendações serem baseadas em pesquisas envolvendo adultos elas podem ser, com a avaliação do profissional, aplicadas em crianças, mas não em récem-nascidos.

3 - Gerenciamento do Cuidado ao Paciente com Úlcera de Pressão
Um tratamento eficaz, é melhor conseguido se for usada uma abordagem em equipe, envolvendo pacientes, suas famílias, os cuidadores e profissionais da saúde. O médico ou profissional da saúde deverá:
Discutir as opções de tratamento das úlceras com o paciente e sua família.
Encorajar o paciente a ser participante ativo no seu cuidado.
Desenvolver um plano eficaz de cuidado, que seja consistente com as metas e desejos do paciente.
O programa de tratamento recomendado deve focalizar:
Na avaliação do paciente e da Úlcera por Pressão;
Controle da sobrecarga nos tecidos e remoção do excesso de pressão;
O cuidado da úlcera;
Controle a colonização bacteriana e a infecção;
Reparo operatório da Úlcera por Pressão;
Educação e melhoria da qualidade.
O algoritmo da figura 1 fornece uma visão geral das atividades relacionadas ao Tratamento de Úlcera por Pressão. Quando aplicado a pacientes individuais este algoritmo deverá ser adaptado para acomodar as preferências do paciente e as metas gerais do paciente.
Algoritmos adicionais são fornecidos através deste guia de referência rápido para resumir a abordagem da avaliação e suporte nutricional, tratamento dos tecidos, cuidado da Úlcera e controle da colonização e infecção bacteriana.

4 - Avaliação (Levantamento de Dados do Paciente)
A avaliação é o ponto inicial em preparar para tratar ou lidar com o indivíduo com a Úlcera por Pressão.
A avaliação inicial envolve a pessoa como um todo e não somente a úlcera, sendo a base para planejar o tratamento e avaliar os seus efeitos. Uma avaliação adequada também é essencial para que haja uma comunicação entre os profissionais.
Esta seção discute recomendações para avaliar a Úlcera por Pressão e o indivíduo.

4.1 - Avaliando a Úlcera por Pressão
Coleta de dados iniciais: avalie a úlcera inicialmente, quanto a sua localização, estágio, tamanho (no sentido de largura, comprimento e profundidade), presença de tratos sinusais, túneis, descolamentos, tecidos necróticos, a presença ou ausência do tecido de granulação e epitelização.

4.2 - Reavaliação
Reavalie a Úlcera por Pressão pelo menos uma vez por semana. Se a condição do paciente ou da ferida piorar, reavalie o plano de tratamento logo que qualquer evidência de piora seja observada.

4.3 - Monitorização do Progresso
Uma Úlcera por Pressão limpa com inervação e suprimento sangüíneo adequado deve mostrar evidência de cicatrização dentro de 2 a 4 semanas. Se nenhum progresso for demonstrado, reavalie a adequação do plano geral de tratamento, assim como a adesão a este plano, fazendo modificações se necessário.

4.4 - Avaliando o Indivíduo
A avaliação do indivíduo deve incluir a saúde física, complicações, avaliação nutricional, avaliação da dor e seu tratamento, avaliação psicossocial e seu tratamento.

- Saúde Física e Complicações:
História e exame físico:
Faça uma história completa e o exame físico, pois, a Úlcera por Pressão deve ser avaliada no contexto geral da saúde física e psicossocial do paciente.
Complicações:
Os profissionais devem estar alertas a complicações associadas às Úlcera por Pressão como: amiloidose, endocardite, formação de osso heterotópico, infestação por miíase, meningite, fístula uretral perineal, pseudo aneurisma, artrite séptica, abcesso, carcinoma de célula escamosa na úlcera e complicações sistêmicas de tratamento tópico (por exemplo, toxicidade por PVPI (povidine) e perda da audição após o uso de neomicina tópica e gentamicina ou garamicina sistêmica). Três outras complicações osteomielite, bacteremia e celulite avançada são discutidas mais tarde, nas recomendações para controlar a colonização bacteriana e a infecção.

- Avaliação Nutricional e Cuidados:
Como muitos estudos tem associado a presença de Úlcera de Pressão com má nutrição, a avaliação de deficiências nutricionais é uma parte importante da avaliação inicial. O objetivo da avaliação nutricional é assegurar que a dieta do paciente com Úlcera de Pressão contenha nutrientes adequados que favoreçam a cicatrização. As seguintes recomendações e o algoritmo na figura 2 são designados a ajudar os profissionais a atingir essa meta.
Ingestão de uma dieta adequada:
Assegure-se que, o paciente tenha uma ingestão dietética adequada para prevenir a má nutrição na extensão que seja compatível com os desejos do indivíduo.
Avaliação nutricional:
Faça uma avaliação nutricional abreviada pelo menos a cada 3 meses, para aqueles indivíduos que estão em risco para má nutrição. Isto inclui indivíduos que são incapazes de comer pela boca ou que apresentam uma mudança involuntária do peso.
As diretrizes americanas para avaliação da nutrição podem ser utilizadas (http://www.aafp.org/afp/990315ap/1521.html).
Suporte nutricional:
Encoraje a ingestão de uma dieta ou suplementação se o indivíduo com Úlcera de Pressão está mal nutrido. Se a ingestão da dieta continua a ser inadequada, impraticável ou impossível, um suporte nutricional (geralmente alimentação por sonda) deve ser usada para colocar o paciente num balanço nitrogenado positivo (aproximadamente 30 a 35 calorias/kg/dia e 1,25 a 1,50grs de proteína/kg/dia), de acordo com as metas do cuidado. Às vezes 2grs de proteína pode ser necessária.
Vitaminas e suplementos minerais:
Administre vitaminas e suplementos minerais se deficiências forem confirmadas ou suspeitas.

- Avaliação da Dor e Tratamento:
A meta da avaliação da dor no paciente com Úlcera de Pressão é eliminar a causa da dor e fornecer analgésicos ou ambos.
Avaliação da dor:
Avalie todos os pacientes com dor relacionada a Úlcera de Pressão ou seu tratamento. Os profissionais não devem assumir que a dor não existe, pelo fato do paciente não expressar ou não responder à dor.
Tratamento:
Trate a dor eliminando ou controlando a fonte de dor (isto é, com cobertura/tratamento adequado das feridas, ajustando as superfícies de suporte ou reposicionando o paciente).
A troca do curativo e/ou o desbridamento pode ocasionar dor ou agravá-la. O profissional deve tentar prevenir tal desconforto ou fazer alguma ação para aliviá-la. Forneça analgésico antes do procedimento, quando necessário e apropriado.

- Avaliação Psicossocial e Tratamento:
O objetivo da avaliação psicossocial é colher as informações necessárias para formar um plano de cuidado que seja consistente com as preferências, metas e capacidades do indivíduo e da família. A meta do tratamento psicossocial é criar um ambiente que conduza a adesão do paciente ao plano de tratamento para a Úlcera de Pressão.
Avaliação do indivíduo:
Todos os indivíduos que estão sendo tratados, com Úlcera de Pressão, deveriam ser submetidos a uma avaliação psicossocial para determinar a sua capacidade de compreender, e a sua motivação para adesão ao programa de tratamento.
A avaliação deveria incluir, mas não se limitar ao estado mental, a capacidade de aprendizagem e sinais de depressão, o suporte social, os medicamentos que está tomando atualmente, ou se está se automedicando, o abuso de drogas ou álcool, as metas da pessoa na vida, os valores e estilo de vida, a sexualidade, a cultura e a etnicidade e os estressores. A reavaliação periódica é recomendada.
Avaliação de recursos:
Avalie os recursos (isto é, a disponibilidade e habilidade dos cuidadores, situação financeira e equipamentos) dos indivíduos com úlcera por pressão que estão sendo tratados no domicílio.

5 - Colocação de uma Meta
Coloque metas para o tratamento que sejam consistentes com os valores e o estilo do indivíduo, da família e do cuidador.

6 - Intervenções
Planeje intervenções (por exemplo, aconselhamento psicológico e educação) para atender as necessidades psicológicas identificadas e as metas propostas. O cuidado de seguimento deve ser planejado com a cooperação entre o indivíduo e o cuidador.

6.1 - Controle da Sobrecarga nos Tecidos
A meta do controle de sobrecarga da pressão nos tecidos é criar um ambiente que favoreça a viabilidade dos tecidos moles e promova a cicatrização da Úlcera de Pressão. Este termo "controle da sobrecarga nos tecidos" refere-se a distribuição da pressão, prevenção da fricção e danos no tecido. As intervenções são destinadas a diminuir a magnitude da sobrecarga no tecido e favorecer níveis de umidade e temperatura para o crescimento de tecidos saudáveis. Isso pode ser conseguido através do uso de técnicas adequadas de posicionamento e de superfícies de suporte sempre que o paciente esteja na cama ou sentado na cadeira. O algoritmo na figura 3 irá guiar as decisões clínicas.

- Técnicas de Posicionamento do Paciente na Cama:
Mantenha a úlcera livre da pressão: evite posicionar o paciente sobre a ferida.
Use materiais de reposicionamento como almofadas, travesseiros para manter a Úlcera de Pressão afastada das superfícies de suporte. Se o paciente não está mais em risco de desenvolver Úlcera de Pressão, esses materiais podem reduzir a necessidade de usar camas especiais ou colchões para redistribuição da pressão. Evite usar almofadas tipo argolas ou com buraco no meio que são mais prováveis de causar Úlcera de Pressão do que evitá-las.
Estabeleça uma escala com horários para o reposicionamento por escrito baseando-se no risco do paciente em desenvolver úlceras adicionais e também baseando-se nas respostas dos tecidos que estão sobre pressão. Os pacientes com alto risco de úlceras adicionais e aqueles com uma duração longa da hiperemia reativa, devem ser mudados mais freqüentemente. As escalas de horários para reposicionamento por escrito, devem ser usadas mesmo quando o paciente está usando superfície de suporte para redistribuir a pressão porque essas superfícies são somente estratégias adjuntas para serem usadas em conjunto com as estratégias de posicionamento.
Posicionamento dos pacientes de alto risco: avalie todos os pacientes que tem Úlcera de Pressão a fim de determinar o seu risco para desenvolver novas úlceras.
Para aqueles pacientes que permanecem em risco, institua as medidas abaixo, já recomendadas nas diretrizes para a Prevenção de Úlcera de Pressão.
Evite posicionar pacientes imóveis diretamente nos seus trocânteres. Use materiais como travesseiros e almofadas de espuma que aliviam totalmente a pressão nos calcanhares, mais comumente elevando os calcanhares da cama, acima do colchão.
Use aparelhos ou materiais de posicionamento como travesseiros ou espumas para prevenir um contato direto entre as proeminências ósseas (como joelhos e calcanhares) ou outra superfície.
Mantenha a cabeceira da cama no seu grau de elevação mais baixo possível, se for consistente com a posição do paciente e outras restrições. Limite a quantidade de tempo que a cabeceira da cama do paciente esteja elevada. A força gerada quando o indivíduo se escorrega na cama, contribui para isquemia e necrose do tecido sacral e piora as ulceras sacrais já existentes.

- Uso de Superfícies de Suporte para o Paciente na Cama:
Quando o profissional está selecionando uma superfície de suporte para um paciente, a preocupação principal deveria ser o benefício terapêutico associado com o produto. Várias superfícies têm sido mostradas como fornecendo ambiente, no qual há uma melhora na Úlcera de Pressão, mas não existe uma evidência forte que uma superfície específica tenha consistentemente uma ação melhor do que a outra sob as várias circunstâncias.
Assim, ao selecionar uma superfície de suporte, vários fatores devem ser considerados incluindo a condição clínica do paciente, as características do local onde o paciente se encontra e as características do material da superfície. Outros fatores que devem ser considerados na seleção da superfície incluem: a facilidade do uso, os requerimentos para a sua manutenção, o custo e a preferência do paciente. É importante lembrar que as superfícies de suporte são somente uma parte do plano de tratamento compreensivo. Se uma úlcera não cicatriza, o plano todo deve ser reavaliado antes de mudar a superfície de suporte que está sendo utilizada.
As seguintes características do paciente devem ser consideradas ao selecionar uma superfície de suporte:
Risco para desenvolvimento de úlceras adicionais:
Avaliar todos os pacientes com Úlceras de Pressão para determinar os riscos para desenvolver novas úlceras. Se o paciente continua em risco, usar os recursos para redistribuir ou reduzir a pressão.
Indicações para o uso de superfícies estáticas:  
Use uma superfície de suporte estática se o paciente pode mudar de posição e pode assumir uma variedade de posições sem colocar a pressão na úlcera.
O cuidador pode avaliar se o paciente está em cima da Úlcera passando a sua mão aberta, com a palma para cima, entre a superfície de suporte estática e o colchão tradicional, no local da região da Úlcera ou abaixo da região do corpo que está em risco para o desenvolvimento da Úlcera.
Se o cuidador sentir menos de 1 polegada (2,5 centímetros) de material de suporte, o paciente está com seu peso em cima da Úlcera, e a superfície de suporte é inadequada pois há excesso de pressão na região.

Indicações para superfícies de suporte dinâmicas:
Use uma superfície de suporte dinâmica se:
O paciente não pode assumir uma variedade de posições sem colocar todo o seu peso em cima da Úlcera.
O paciente comprime totalmente a superfície de suporte estática, ou
A Úlcera de Pressão não mostra evidência de estar cicatrizando dentro de 4 semanas.
Indicações de camas de ar do tipo de baixa perda de ar e de camas fluidizadas à ar:
Se o paciente tem uma Úlcera de Pressão grande no estágio III ou IV, em múltiplas regiões do corpo, pode ser indicada uma cama tipo low-air-loss ou uma cama fluidizada de ar. Uma cama tipo low-air-loss pode ser indicada se o paciente coloca o seu peso em cima da úlcera ou se a cicatrização não está ocorrendo em pacientes que estão utilizando superfícies (colchonete) dinâmicas.
Necessidade de controlar a umidade:
Quando o excesso de umidade na pele intacta é uma fonte potencial de maceração e lesão na pele, uma superfície de suporte que fornece um fluxo de ar, por exemplo, os 2 tipos de camas (air-fluidized and low-air-loss), podem ser importantes para secar a pele e prevenir o desenvolvimento de Úlceras de Pressão adicionais.
Enquanto o paciente ficar sobre este tipo de suporte ele não deve usar calça plástica para incontinência, pois, este tipo de calça obstrui o fluxo de ar para a pele. Siga as instruções dos fabricantes para usar forros nesses pacientes.

- Técnicas de Posicionamento para o Paciente que está Sentado:
Evite pressão na Úlcera: O paciente que tem uma Úlcera de Pressão na região que será comprimida ao sentar-se como a isquiática, deve evitar sentar. Se a pressão na Úlcera pode ser aliviada através da descompressão, ficar sentado por tempo limitado pode ser permitido.
Ao posicionar pacientes que se sentam, considere o alinhamento postural, a distribuição do peso, o balanço, a estabilidade e o alívio da pressão.
Reposicione o paciente que fica sentado de maneira que os pontos sob pressão são mudados pelo menos a cada hora. Se esses horários não podem ser mantidos ou são inconsistentes com os objetivos gerais do tratamento, retorne o paciente para o leito.
Os indivíduos que tem independência parcial como os paraplégicos, devem ser ensinados a levantar o seu peso a cada quinze minutos para fazer a descompressão na região isquiática.

- Superfícies de Suporte para Pacientes que estão Sentando:
Seleção das Almofadas: selecione almofadas baseando-se nas necessidades específicas do indivíduo que requer redistribuição da pressão na posição sentada. Evite aquelas almofadas tipo argolas que são mais prováveis de causar Úlceras de Pressão do que preveni-las.
Planejamento por escrito: desenvolva um plano por escrito para fazer as mudanças e utilizar os materiais para o posicionamento.

6.2 - Cuidado com a Ferida
O cuidado inicial da Úlcera de Pressão envolve desbridamento, limpeza da ferida, aplicação do curativo e possivelmente uma terapia coadjuvante, e em alguns casos a cirurgia reparadora pode ser necessária. Em todos os casos, as estratégias específicas dos cuidados com a ferida devem ser consistentes com os objetivos gerais ou metas do tratamento do paciente como um todo.
figura 4 oferece opções de abordagens de tratamento recomendadas para a Úlcera. Os quatro componentes básicos para um plano efetivo são: Desbridamento (ou debridamento) de tecido necrótico, Limpeza da ferida, prevenção, diagnóstico e tratamento da infecção; uso de cobertura que mantém o leito da ferida úmido e a pele ao redor, seca.

- Desbridamento:
Tecidos desvitalizados favorecem o crescimento de bactérias patológicas, assim, a remoção de tal tecido altera favoravelmente o ambiente de cicatrização de uma ferida.
Remoção de tecidos desvitalizados: remova os tecidos desvitalizados da ferida, quando for apropriado pelas condições do paciente e consistente com as metas de seu tratamento.
Seleção de um método: selecione um método de desbridamento mais apropriado para as condições e metas do tratamento do paciente. As técnicas de desbridamento cirúrgico, mecânico, enzimático ou autolítico podem ser usadas quando não existe uma necessidade clínica urgente de drenagem ou remoção de tecido desvitalizado.
A técnica de desbridamento cirúrgico envolve o uso de bisturi, tesoura ou qualquer outro instrumento afiado para remover tecido desvitalizado. Este método é a forma mais rápida de desbridamento nas urgências e pode ser a técnica mais apropriada em situações de celulite avançada ou septicemia. Aqueles que fazem este tipo de desbridamento, devem demonstrar habilidades clínicas e atender a requerimentos de licenciamento (a pessoa tem que ser especialista). Apesar de pequenas feridas poderem ser desbridadas no próprio leito do paciente, as feridas mais extensas são geralmente desbridadas na sala de cirurgia ou em salas especiais de procedimento. Quando forem feitos desbridamentos de Úlceras extensas de estágio IV na sala de cirurgia, o cirurgião deve considerar uma biópsia óssea, para detectar presença de osteomielite.
Use um curativo seco por 8 a 24 horas após o desbridamento cirúrgico quando houver sangramento associado, depois retorne ao uso de curativo úmido.
A técnica de desbridamento mecânico inclui o uso de gazes úmidas com soro fisiológico que são retirados quando secos, a hidroterapia, a irrigação do ferimento, e o uso de "dextranomers".
O desbridamento enzimático é conseguido aplicando agentes químicos que irão retirar os tecidos desvitalizados da superfície do ferimento.
O desbridamento autolítico envolve o uso de curativos sintéticos ou coberturas para cobrir a ferida e permitir que o tecido desvitalizado se auto destrua com o auxílio das enzimas que normalmente estão presentes nos fluidos da ferida. Esta técnica não deve ser usada se o ferimento estiver infectado.
 Úlceras estáveis no calcâneo, uma exceção:
As úlceras de calcâneo com escaras ou crostas secas não precisam ser desbridadas se elas não apresentarem edema, eritema, flutuação ou drenagem. Avalie essas feridas diariamente para monitorizar a presença destes sinais de complicações que iriam requerer desbridamento.
Dor:
Previna ou trate da dor associada ao desbridamento sempre que necessário.

- Limpeza da Ferida:
A cicatrização da ferida é otimizada e o potencial para infecção diminuído quando todos os tecidos necróticos, exsudatos ou restos metabólicos são removidos do ferimento. O processo de limpar o ferimento envolve selecionar tanto uma solução de limpeza para o ferimento, quanto os meios mecânicos de fazer com que essa solução chegue até a ferida. Os benefícios de obter uma ferida limpa precisam ser pesados, contra os possíveis traumas da ferida resultantes de tal limpeza. A limpeza de rotina deve ser feita com o mínimo de soluções químicas e trauma mecânico.
Limpeza: limpe as feridas inicialmente e a cada troca de curativo.
Utilize uma técnica não traumática usando uma força mecânica mínima quando estiver limpando a úlcera com gaze, compressas ou esponjas.
Evite o uso de anti-sépticos: não limpe ferimentos de úlceras com soluções anti-sépticas próprias para a pele íntegra como: povidine e iodóforos em geral, solução de hipoclorito de sódio tipo, líquido de Dakin, água oxigenada e ácido acético porque são substâncias citotóxicas.
Use solução salina ou soro fisiológico (SF 0,9 %) para limpar a maior parte das Úlceras de Pressão.
Use uma pressão de irrigação suficiente para melhorar a limpeza da ferida sem causar trauma no leito da ferida. As pressões seguras e eficazes para a irrigação da úlcera vão de 4 a 15 libras por polegada quadrada (psi). Irrigações com pressão abaixo de 4 psi podem não limpar o ferimento adequadamente, e pressão acima de 15 psi pode causar traumas e levar bactérias para o tecido da ferida. Aparelhos de irrigação colocam 8 psi de irrigação e são significantemente mais eficazes em remover bactérias e prevenir a infecção do que uma seringa.
Uso de banheira tipo hidromassagem ou tanque de turbilhamento: considere um tratamento na banheira para limpar a Úlcera de Pressão que contém um exsudato grosso com grande presença de tecido desvitalizado ou necrótico. Note que pode ocorrer trauma como resultado do procedimento se o ferimento for posicionado muito próximo dos jatos de alta pressão de água. Interrompa o uso quando as úlceras estiverem limpas.

- Curativos:
As Úlceras de Pressão requerem curativos para manter a sua integridade fisiológica. Um curativo ideal deveria proteger a ferida, ser bio-compatível e fornecer uma hidratação ideal. A condição do leito da úlcera e a função desejável do curativo determinam o tipo de curativo que será usado. Uma regra nesse caso é manter o tecido da úlcera úmido e a pele ao seu redor intacta e seca.
Use um curativo que irá manter o leito da úlcera continuamente úmido.
Use o julgamento clínico para selecionar o tipo de curativo mais adequado para manter a ferida úmida. Estudos dos diferentes tipos de curativos úmidos disponíveis no mercado não mostraram nenhuma diferença nos resultados da cicatrização da ferida.
Escolha um curativo que proteja a pele ao redor da ferida e a mantenha seca enquanto o leito da úlcera é mantido úmido.
Escolha um curativo que controle o exsudato, mas que não resseque o leito da úlcera. O exsudato excessivo pode atrasar a cicatrização da ferida e macerar o tecido ao redor.
Considere o tempo gasto pelo cuidador quando selecionar um curativo. Coberturas de filmes transparentes e curativos hidrocolóides requerem menos tempo do cuidador que os curativos com gaze que são continuamente umedecidos com solução fisiológica.
Elimine os espaços mortos da ferida completando todas as cavidades com o material de curativo para dificultar a formação de abscessos. Evite empacotar demais a ferida, pois, o superempacotamento pode aumentar a pressão e causar danos adicionais ao tecido.
Mantenha o curativo intacto, monitorize os curativos aplicados próximos ao ânus, pois estes são mais difíceis de se manterem intactos. Se necessário, coloque fitas ou esparadrapos nas bordas dos curativos, como se fosse uma moldura de uma fotografia, para reduzir este problema.

- O Uso de Terapias Coadjuvantes:
O papel de várias terapias coadjuvantes, em melhorar o processo de cicatrização da úlcera, tem sido investigado. As terapias consideradas pela comissão incluiu eletroterapia, oxigênio hiperbárico, infravermelho, ultravioleta, irradiação com laser de energia baixa, ultrasson, agentes tópicos variados (açúcar, vitaminas, elementos, hormônios, fator de crescimento, cytokine e equivalentes da pele) e outras drogas sistêmicas além dos antibióticos por exemplo, vasodilatadores, inibidores de serotonina e agentes fibrinolíticos.
Até este momento a eletroterapia é a única terapia adjunta com evidência de suporte suficiente para que seja garantido a recomendação pela comissão. A comissão recomenda:
Considere o uso de um tratamento com estimulação elétrica para UPP, nos estágios III e IV, onde os pacientes provaram não responder a terapia convencional. Estimulação elétrica também pode ser útil para úlceras do estágio II recalcitantes. Até agora, esta terapia tem sido limitada a um pequeno número de centros de pesquisa. Os profissionais, considerando a terapia de estimulação elétrica, devem assegurar que tenham um equipamento próprio, um pessoal propriamente treinado, que esteja seguindo os protocolos mostrados como sendo eficazes e seguros, em estudos clínicos experimentais apropriadamente conduzidos e planejados.
A eficácia terapêutica da oxigenação hiperbárica, do infravermelho, ultravioleta, irradiação a laser e ultrasson não foi ainda suficientemente estabelecida para permitir a recomendação de sua utilização para o tratamento.
A eficácia terapêutica de outros agentes como açúcar, vitaminas, hormônios, fatores de crescimento e substitutos da pele também não foi comprovada o que impede a sua recomendação.
A eficácia terapêutica de agentes sistêmicos diferentes de antibióticos também não está ainda estabelecida para permitir a sua recomendação.

6.3 - Controlando a Colonização Bacteriana e a Infecção:
As úlceras do estágio II, III e IV são invariavelmente colonizadas por bactérias e na maior parte dos casos, uma limpeza adequada e um desbridamento, vão evitar que a colonização bacteriana chegue até uma infecção clínica. As recomendações relacionadas ao controle da infecção e da colonização em infecção são apresentadas na figura 5 e orientam o profissional através de um caminho definido, para lidar com a colonização da úlcera e a infecção local ou sistêmica.

- Colonização de UPP e Infecção:
Minimize a colonização da UPP e melhore a cicatrização da ferida através da limpeza e desbridamento eficaz da ferida. Se houver odor fétido e secreção purulenta, uma limpeza mais frequente e possivelmente um desbridamento são necessários.
Não faça culturas de swab para diagnosticar a infecção da ferida, pois todas as UPP são colonizadas. Culturas de swab detectam somente a colonização da superfície e podem não refletir verdadeiramente o microrganismo que está causando a infecção do tecido.
Considere iniciar um tratamento experimental de 2 semanas de antibióticos tópico para UPP limpas que não estão cicatrizando ou que estão continuando a produzir exsudato após 2 a 4 semanas de cuidado adequado e ótimo ao paciente ( como definido nesta diretriz). O antibiótico deve ser eficaz contra bactérias gram positivas, gram negativas e anaeróbias, por exemplo: sulfadiazina de prata ou um antibiótico trivalente.
Faça o diagnóstico de infecção de tecidos moles e osteomielites: a cicatrização pode estar dificultada se os níveis bacterianos excederem a quantidade de 105microrganismos por grama de tecido ou se o paciente tem osteomielite. Quando a úlcera não responde a uma terapia de antibióticos tópicos, o profissional deve fazer culturas bacterianas quantitativas dos tecidos moles e avaliar o paciente para a presença de osteomielite. Quando as culturas são requeridas para diagnosticar uma infecção de tecidos moles, o CDC (Centro de Controle de Doenças de Atlanta, recomenda obter fluidos através de uma aspiração por agulha ou obter o tecido através de biópsia da úlcera. Para o steomielite o exame de espécimes de biópsia de osso é o padrão de ouro para diagnosticar osteomielite, entretanto, essa técnica de diagnóstico invasiva nem sempre é apropriada. Uma combinação de 3 testes: contagem de células sangüíneas e brancas, taxa de sedimentação dos eritrócitos e um Raio X puro, tem um valor previsível positivo de 69% quando os 3 testes são positivos.
Não use anti-sépticos tópicos como povidine, iodóforos, hipoclorito de sódio (líquido de Dakin) ou peróxido de hidrogênio, ácido acético para reduzir bactérias do tecido da ferida.
Institua terapia de antibiótico sistêmico apropriada para pacientes com bacteremia, sepsis, celulite avançada ou osteomielite. (A) Uma atenção médica urgente é requerida, para pacientes com UPP que desenvolvem sinais clínicos de septicemia, por exemplo: febre não explicada, taquicardia, hipertensão, deteriorização do estado mental. É apropriado para eliminar essas causas dos sintomas obter culturas de sangue e tratar com antibióticos que vão combater esses microorganismos. Antibióticos sistêmicos não são requeridos para UPP com somente um sinal clínico de infecção.
Proteja as UPP de fontes exógenas de contaminação (por ex. fezes).

- Controle de Infecção:
O medo da contaminação cruzada de microrganismos dentro de instituições é realístico, as seguintes recomendações são fornecidas para evitar contaminação cruzada de microrganismos patológicos.
Siga as precauções para isolamento de substâncias corporais quando estiver lidando com UPP. (C)
Use luvas limpas para cada paciente. Quando estiver tratando múltiplas úlceras em um mesmo paciente, atenda a úlcera mais contaminada por último.Remova as luvas e lave as mãos entre os pacientes.
Use instrumentos estéreis para desbridar UPP. (C) Após o desbridamento, monitorize a temperatura do paciente e esteje alerta para sinais de bacteremia ou septicemia, por exemplo: febre inexplicada, taquicardia, hipotensão, deteriorização no status mental.
Use curativos limpos ao invés de curativos estéreis para tratar UPP, desde que os procedimentos do curativo cumpram as diretrizes da Comissão de Controle de Infecção da instituição.
Curativos limpos também podem ser usados em situações de cuidado domiciliar. O descarte desses curativos contaminados deve ser feito de maneira consistente, com a regulamentação local.
Os procedimentos para manter os curativos limpos e evitar contaminação cruzada, devem ser estabelecidos e de aderência rigorosa. Estes procedimentos incluem o seguinte:
Uma aderência estrita às precauções universais e boa lavagem das mãos entre os pacientes.
Carros de curativos usados para vários pacientes, levados para o quarto, ao lado da cama, não devem ser usados para guardar suprimentos para curativo. Os pacientes, individualmente, deveriam ter os seus próprios materiais de curativo, que são protegidos de contaminação ambiental, danos causados pela água, acúmulo de poeira ou contaminantes de contato. O material também pode ser mantido em bandejas individuais. Pacotes de gazes grandes podem ser mais baratos do que pacotinhos individuais, entretanto, medidas devem ser tomadas para assegurar que eles permaneçam limpos. Tais medidas incluem: manter as gazes nos pacotes originais ou em outros pacotes de plástico, guardá-las em lugar seco e limpo e jogar fora os pacotes que ficarem úmidos, contaminados ou sujos. Os cuidadores devem lavar as mãos antes de entrar em contato com os pacientes. Somente o número de gases necessário para cada curativo, deveria ser removido dos locais onde estão armazenados. Uma vez a mão do cuidador esteja suja com secreções do ferimento, ela está contaminada e não deve tocar no resto das gases que estão limpas ou em outros materiais, até que as luvas sejem removidas e as mãos sejam lavadas. As gazes, instrumentos e soluções devem ser obtidas de fornecedores que assegurem que o transporte não expõe os curativos e os materiais à danos ou contaminação.Os regulamentos locais variam sobre onde e como se desprezar o material sujo. A agência de proteção ambiental americana, recomenda que no cuidado domiciliar os curativos sujos devem ser colocados em sacos plásticos, seguramente fechados, antes de serem adicionados a outros lixos da casa.

6.4 - Reparo Operatório das UPP
Os procedimentos operatórios, para reparar as UPP, incluem um ou mais dos seguintes: fechamento direto, enxerto de pele, flaps de pele, flaps músculo cutâneo e flaps livres. Apesar de mais pesquisas serem necessárias para desenvolver um critério claro para selecionar aqueles indivíduos mais prováveis de se beneficiarem com tratamento cirúrgico, o comitê fornece alguns critérios gerais: um aconselhamento pré-operatório ao paciente, onde deveria ser incluída informação sobre os procedimentos operatórios disponíveis e os benefícios de cada um. Os fatores que podem dificultar a cicatrização devem ser tratados no pré-operatório. Atenção para as medidas preventivas no pós-operatório é essencial para a cicatrização e também para evitar a recorrência de problema.

- Seleção do Paciente:
Determinar a necessidade do paciente e a adequação do reparo operatório, quando UPP do estágio III ou IV não respondem ao cuidado ótimo do paciente como o definido nesta diretriz. Candidatos possíveis são aqueles clinicamente estáveis, adequadamente nutridos, que toleram a perda de sangue durante o ato cirúrgico e a imobilidade no pós-operatório. A qualidade de vida, as preferências dos pacientes, as metas do tratamento, os riscos de recorrência e os objetivos esperados da reabilitação são considerados adicionais.

- Controle dos Fatores que Dificultam a Cicatrização:
Promova um fechamento cirúrgico de sucesso, controlando ou corrigindo os fatores que possam estar associados com uma cicatrização difícil, como o fumo, a presença de espasticidade, os níveis de colonização bacteriana, Presença de infecção do trato urinário e incontinência.

- Seleção de Procedimentos Operatórios:
Use os métodos mais eficazes e menos traumáticos para reparar o problema da úlcera. As feridas podem ser fechadas diretamente ou por enxertos de pele, flaps de pele, flaps músculo cutâneo e flaps livres. Para minimizar a recorrência, a escolha da técnica operatória é baseada nas necessidades individuais do paciente e nas metas gerais, assim como, no local específico e na extensão da úlcera.
Evite isquiectomia profilática: a esquiectomia profilática não é recomendada, pois, frequentemente, resulta em úlcera perineal e fístulas uretrais, as quais são problemas mais graves ameaçadores do que as úlceras isquiáticas.

- Cuidado Pós-Operatório:
Minimize a pressão no local da cirurgia pelo uso de colchão de ar fluidizado, colchão de ar com baixa perda de ar e uma estrutura de Stryker por no mínimo 2 semanas. Avalie a viabilidade pós-operatória do local cirúrgico, como clinicamente indicado. Peça para o paciente, aumentar lentamente os períodos que ele senta ou fica deitado sob o flap para aumentar a sua tolerância à pressão. Para determinar o grau de tolerância, observe o flap procurando indicação de palidez, avermelhamento ou ambos, que não desaparece após 10 minutos de alívio de pressão. A educação contínua do paciente é um imperativo para reduzir o risco da recorrência.
Avaliação da recorrência da UPP é um componente contínuo do cuidado. Os cuidadores deveriam fornecer educação e encorajar a aderência às medidas para redução da pressão, exame diário da pele e técnicas de alívio intermitentes.

6.5 - Educação e Melhoria da Qualidade
- Educação:
As agências e instituições preocupadas com o cuidado da saúde, são responsáveis pelo desenvolvimento e implementação de programas educacionais, destinados a traduzir o conhecimento sobre UPP em estratégias eficazes de tratamento. As metas desses programas são: promover a cicatrização, evitar a deteriorização das UPP existentes e prevenir novas úlceras. Programas de educação deveriam incluir informações relacionadas a prevenção e tratamento, avaliação de danos dos tecidos e monitorização dos resultados.

Prevenção e Tratamento: Um Continuum:
Desenvolvimento do programa e implementação: Planeje, desenvolva e implemente programas educacionais para pacientes, profissionais, cuidadores de saúde que reflitam em uma continuidade do cuidado. O programa deveria começar, com uma abordagem estruturada compreensiva e organizada, para prevenção e deveria culminar em protocolos de tratamento eficazes que promovam a cicatrização assim como evitam a recorrência.
Audiência alvo: Desenvolva programas educacionais onde os alvos são os profissionais de saúde, pacientes, membros da família e cuidadores. Apresente informações em um nível apropriado, para maximizar a retenção e assegurar que ele leve isto para a sua prática. Use princípios de aprendizagem de adulto: explicação, demonstração questionamento, discussão em grupos.
Participação do paciente e do cuidador: Envolva o paciente e o cuidador, o quanto possível, no tratamento da úlcera de Pressão em estratégias de prevenção e opções existentes. Inclua informações relacionadas à dor, desconforto, possíveis resultados e duração do tratamento, se conhecida. Encoraje o paciente a participar ativamente e a aderir às decisões relacionadas à prevenção e tratamento da UPP.
Identificação da implementação dos protocolos: Os programas educacionais deveriam identificar aqueles que são responsáveis pelo tratamento da UPP e descrever o papel de cada um. A informação apresentada e o grau de participação esperado deveria ser apropriado para a audiência.

Avaliando e Tratando dos Danos dos Tecidos
Enfatizando a avaliação: Os programas educacionais deveriam enfatizar a necessidade da avaliação exata, consistente e uniforme, com uma descrição e documentação da extensão dos danos do tecido.
Conteúdo do programa: Inclui as seguintes informações quando desenvolver um programa educacional para o tratamento de UPP.
- Etiologia e Patologia;
- Fatores de riscos;
- Terminologia uniforme para os estágios de danos do tecido baseado em classificação específica;
- Princípios de cicatrização dos tecidos;
- Princípios de suporte nutricional em relação à integridade do tecido;
- Programa individualizado de cuidado da pele;
- Princípios de limpeza e controle de infecção;
- Princípios de cuidados pós-operatório incluindo posicionamento e uso de superfícies de suporte;
- Princípios de prevenção para reduzir a recorrência;
- Seleção de produtos (isto é, categorias e usos de superfícies de suporte, curativos, antibióticos tópicos ou outros agentes);
- Efeitos ou influência do ambiente físico e mecânico na UPP e estratégias para o tratamento;
- Mecanismos para uma documentação exata e monitorização de dados pertinentes incluindo intervenções de tratamento e progressos da cicatrização.
Revisão e atualização do programa: Programas educacionais devem ser atualizados em bases regulares e contínua para implementar novos conhecimentos, técnicas ou tecnologias que serão necessários.

Monitorização dos Resultados
Avalie a eficácia de um programa educacional em termos dos resultados mensurados: implementação das recomendações das diretrizes, cicatrização das úlceras existentes, redução da incidência de úlceras novas ou recorrentes e prevenção da deteriorização das úlceras existentes.
Inclua um programa estrutural compreensivo e organizado, com uma parte integral de melhoria de qualidade e monitoria desta melhoria. Use informações vindas do setor de qualidade e pelas pesquisas de surveys para identificar deficiências, para avaliar a eficácia do cuidado e determinar a necessidade de educação e mudanças de rotina. Focalize no treinamento em serviço relacionado às deficiências identificadas.

Melhoria da Qualidade
A meta da melhoria da qualidade é desenvolver e implementar um programa sistemático, interdisciplinar para facilitar o cuidado compreensivo e consistente que possa ser monitorizado, avaliado e mudado quando as condições do paciente e o conhecimento atual exigir. Para desenvolver e implementar tal programa, o profissional da saúde deveria:
Obter suporte para a melhoria da qualidade intradepartamental e interdepartamental para o tratamento da UPP, como o principal aspecto do cuidado.
Compor um comitê interdisciplinar de pessoas interessadas e com conhecimento para tratar do assunto sobre a melhoria da qualidade no tratamento da UPP.
Identificar e monitorizar a ocorrência da UPP para determinar a sua incidência e prevalência. Esta informação irá servir como linha básica para o desenvolvimento, implantação e avaliação dos protocolos de tratamento.
Monitorizar a incidência e prevalência de Úlceras de Pressão em bases regulares. Na extensão que for possível, os dados deverão ser coletados concomitantemente, ao invés de retrospectivamente.
Desenvolver, implementar e avaliar os programas educacionais com os dados obtidos do controle de monitorização para melhoria da qualidade.

Referência
BERGSTROM, N. et al. Treatment of Pressure Ulcers. Clinical Practice Guideline Number 15. Rockville, MD: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, Agency for Health Care Policy and Research. Publication number 95-0652, December 1994.