24.11.09

O Que é a Doença de Alzheimer:

Distúrbios da Memória no Idoso e Doença de Alzheimer

O Que é a Doença de Alzheimer:

É uma doença degenerativa que destrói células do cérebro lenta e progressivamente acarretando a perda gradual das funções intelectuais do indivíduo. A doença de Alzheimer é a principal causa de demência. Sua evolução é bastante longa, durando em média de 8 a 12 anos.

Dr. Alois Alzheimer

Estima-se que nos EUA existam cerca de quatro milhões de portadores da doença, e no Brasil, aproximadamente um milhão de pacientes.

Foi descrita pela primeira vez pelo médico Alois Alzheimer em 1907. Essa doença, erroneamente conhecida pela população como “esclerose” ou “caduquice” é uma forma de demência cuja causa não se relaciona com a circulação ou com o processo de arteriosclerose. É devida à morte das células cerebrais que levam a uma atrofia do cérebro.

Apesar da doença de Alzheimer ser a forma mais comum de demência, há outros tipos de demência não relacionadas a esta doença. Estima-se que entre 50 a 70 por cento de todas as pessoas com demência têm a doença de Alzheimer. O início da doença pode ocorrer entre 40 e 90 anos de idade, sendo mais comum a partir dos 65 anos.

Sintomas:

As principais queixas são em relação à perda da memória recente e da linguagem, que levam ao abandono de passatempos tais como leitura, jogo de cartas, etc. evoluindo até o afastamento social do indivíduo. Com o progredir da doença ocorre dificuldade no vestir-se e no uso de talheres. Em paralelo pode ocorrer alteração do comportamento, agitação e alteração do sono. Em estágio mais tardio pode haver delírios, geralmente persecutórios de roubo e alucinações.

Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passam a apresentar alterações de personalidade, com distúrbios de conduta e terminam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmo quando colocados frente a um espelho.

À medida que a doença evolui, tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares do cotidiano, tais como: alimentação, higiene pessoal, vestir, etc...

Qual a Causa:

A causa da doença ainda é desconhecida pela ciência médica e o tratamento é direcionado aos sintomas, ao seu ambiente e ao sistema de apoio familiar.

Existem várias teorias, porém de concreto aceita-se que existe uma combinação de fatores de risco que diferem de uma pessoa para outra. Dentre esses fatores de risco podemos citar:

· Idade: maior incidência acima de 65 anos de idade. No entanto, importa notar que apesar das pessoas tenderem a ficar esquecidas com o passar do tempo, a maioria dos indivíduos com mais de 80 anos permanecem mentalmente lúcidas. Isto significa que apesar de, com a idade, a probabilidade de se ter a doença de Alzheimer aumentar, não é a idade avançada por si que provoca a doença;

· Fatores genéticos/hereditariedade: A doença de Alzheimer não é considerada hereditária. Não é portanto determinada por genes transmitidos pelos pais. Mesmo que no passado vários membros da família tenham sido acometidos pela doença de Alzheimer, isso não significa que um outro membro da família venha necessariamente a desenvolvê-la, uma vez que a doença de Alzheimer não é considerada genética. No entanto, uma vez que a doença é tão comum nos mais velhos, não é invulgar que dois ou mais membros da família acima dos 65 anos a tenham. Mesmo que haja outros membros da família com a doença de Alzheimer, qualquer indivíduo apresenta risco de vir a ter a doença numa determinada época da sua existência. Atualmente sabe-se que existe um gene que pode contribuir para aumentar este risco. Tal gene encontra-se no cromossoma 19 e é responsável pela produção de uma proteína denominada apolipoproteína E (ApoE4);

· Traumatismos cranianos: Tem sido referido que uma pessoa que tenha sofrido um traumatismo craniano severo corre maior risco de desenvolver doença de Alzheimer. O risco torna-se maior se na época da lesão o indivíduo tiver mais de 50 anos e for portador do gene específico (ApoE);

· Outros factores: há dados que sugerem que pessoas com elevado nível intelectual têm menor risco de contrair essa doença do que as que possuem um baixo nível de atividade intelectiva.

Vale ressaltar que a doença de Alzheimer não é infecciosa nem contagiosa. É sim uma doença que determina uma deterioração da saúde do paciente, com perda de peso afetando o sistema imunológico o que acarreta um maior risco de infeção dos pulmões (pneumonias) que geralmente levam ao óbito.

Diagnóstico:

Não existe um teste específico que determine se alguém é portador da doença de Alzheimer. A doença é diagnosticada através de um processo de eliminação das outras causas de demência feita através de uma avaliação neuropsicológica minuciosa incluindo o estado físico e mental do indivíduo. Desta maneira o diagnóstico é essencialmente clínico, devendo-se excluir todas as outras causas de demência: depressão, hipotiroidismo ou deficiência de vitamina B12, que são as causas mais comuns de quadros demenciais reversíveis. Excluidas essas causas de demência o diagnóstico provável da doença de Alzheimer é feito pela presença de demência, isto é, perda de memória e pelo menos mais de uma outra função cognitiva (por exemplo: linguagem, atenção, funções executivas). A doença na fase avançada é frequentemente marcada pela tríade:

· Afasia: dificuldade ou perda de capacidade para falar, ou compreender a linguagem falada, escrita ou gestual;

· Apraxia: incapacidade para efetuar movimentos voluntários, e

· Agnosia: perda da capacidade para reconhecer os objetos, e para que servem.

Alterações psíquicas e do comportamento são observadas ao longo da progressão da doença, incluindo-se os quadros de depressão, as manifestações psicóticas (alucinações e delírios), as síndromes apáticas e os distúrbios do sono.

O diagnóstico definitivo ou de certeza da doença de Alzheimer só é possivel de ser estabelecido post-mortem, mediante comprovação feita por exame histopatológico do tecido cerebral.

Como vimos o diagnóstico em vida é eminentemente clínico e de exclusão, permitindo apenas uma aproximação probabilística. A investigação com exames complementares é, portanto, necessária para se afastarem outras causas de doença cerebral, particularmente o delírium e as demências reversíveis, em que a intervenção médica deve ser rápida e dirigida aos fatores causais.

Tratamento:

O tratamento das síndromes demenciais envolve um amplo espectro de abordagens, incluindo estratégias farmacológicas e intervenções psicossociais para o paciente e seus familiares.

Quanto ao tratamento da doença, há dois aspectos :

O primeiro, que trata de alterações de comportamento como agitação e agressividade, do humor como a depressão, que não devem ser feitos apenas com medicação, mas também com orientação e acompanhamento de médico psiquiatra;

O segundo, é o tratamento específico com drogas que podem corrigir o desequilíbrio bioquímico do cérebro, tais como: Tacrina, Donezepil, Rivastigmina, Galantamina, etc...

Estas drogas funcionam melhor na fase inicial do quadro clínico e têm por objetivo retardar a sua evolução, pois a doença de Alzheimer continua progredindo paulatinamente.

Outras drogas têm se mostrado promissoras como possíveis neuroprotetores, tais como a vitamina E em doses bastantes altas (2000 UI/dia) que mostrou efeito estabilizador em pacientes com quadros de demência moderada. Também tem sido descritos efeitos neuroprotetores dos antiinflamatórios não-hormonais, como do extrato vegetal de Ginkgo biloba e do estrogênio.

O que pode ajudar:

A grande arma no enfrentamento dessa doença é a informação associada à solidariedade.

À medida que os familiares conhecem melhor a doença e sua provável evolução, vários recursos e estratégias podem ser utilizadas com sucesso.

É fundamental que os familiares saibam que sempre há algo a fazer e porisso é possível melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares. Existem doenças incuráveis, porém não há “pacientes intratáveis”.

Como afeta a família:

A doença de Alzheimer afeta os familiares de modo devastador. As dúvidas e incertezas com o futuro, a grande responsabilidade, a inversão de papéis onde os filhos passam a se encarregar dos cuidados de seus pais, além da enorme carga de trabalho e sobrecarga emocional, acabam por gerar intenso conflito e angústia no meio familiar.

A sensação de estar só, isolado, desamparado e a inevitável pergunta : “por que isso está acontecendo comigo”? submete os cuidadores à enorme pressão psicológica que vem acompanhada de depressão, queda da resistência física, problemas de ordem conjugal, etc...

Associação Brasileira de Alzheimer:

A ABRAz - Associação Brasileira de Alzheimer, é uma entidade sem fins lucrativos, que objetiva a melhoria das condições de vida do paciente e de seus familiares.

Fundada em Agosto de 1991, reúne em sua diretoria familiares e profissionais especializados para, em conjunto, desenvolverem ações concretas em favor dos pacientes.

Os familiares recebem informações atualizadas sobre os avanços das pesquisas, frequentam grupos de suporte familiar, assistem palestras e cursos, aprendem sobre a doença e suas características com o objetivo de aliviar parte da carga a que estão submetidos.

A ABRAz está organizada em quase todo o território nacional.

Correspondência: Caixa Postal 3913 – São Paulo – SP – 01060-970

TEL/FAX : (011) 3207-8791 Tel : 0800-551906

http://www.abraz.com.br

O associado recebe o Boletim Informativo Mensal com informações atualizadas sobre o tratamento da doença de Alzheimer, bem como sobre cursos, seminários, congressos, etc.

Dr. Joel Dantas.