20.9.11

21 de setembro Dia Mundial de Alzheimer


Alzheimer afeta 40% dos idosos acima dos 80 anos
Os números são alarmantes, pois apontam que quase 40% da população idosa, acima dos 80 anos, é acometida pelo Mal de Alzheimer, segundo a Dra. Cybelle Diniz, geriatra da Unifesp e colaboradora da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). No entanto, de acordo com a especialista, a estatística não reflete a quantidade de pessoas em tratamento, uma vez que o diagnóstico é ignorado ou mesmo confundido com outras patologias. Assim, com a finalidade de discutir o tema e alertar a população é lembrado amanhã, 21 de setembro, o Dia Mundial de Alzheimer.

Embora seja conhecido que a doença é de característica neurológica degenerativa, em que proteínas anormais se acumulam levando à perda de neurônios, a medicina ainda não encontrou meios de parar ou reverter o processo de Alzheimer. Sem cura, especialistas utilizam medicamentos – que repõem algumas substâncias que os neurônios mortos deveriam construir – para aliviar os sintomas e contribuir, assim, para melhorar o bem-estar daqueles que sofrem com a doença. Para a geriatra “até o momento, contudo, nenhum medicamento impede que a doença progrida”.

A partir dos 60 anos, o indivíduo se torna suscetível à doença, mas o pico de incidência ocorre aos 80 anos, de acordo com a Dra. Cybelle, que aponta o esquecimento como o principal sintoma da doença. “E não se trata daquele esquecimento pontual, mas o frequente, em que o indivíduo apresenta dificuldade de memória, apagando com facilidade um fato de sua mente”, alerta.

De acordo com informações da ABRAz, a doença de Alzheimer apresenta-se em quatro fases, sendo:

1° fase – Perda de memória de curto prazo, com dificuldade em lembrar fatos ocorridos recentemente. O paciente apresenta alteração na capacidade de se concentrar e agilidade do pensamento, sobretudo o abstrato; e da memória autobiográfica, pois ele esquece o que fez no domingo, por exemplo; além de certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa também não sabe onde está e tampouco em que ano, mês ou dia. A apatia é outro sintoma bastante comum nesta fase.

2° fase – Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores diminui devido a evolução da doença, aumentam a dificuldade em reconhecer e identificar objetos e a execução de movimentos. A memória é afetada de modo diferente, pois as mais antigas, a memória semântica (de fatos acontecidos no mundo e história geral, significado das palavras e coisas) e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória de curto prazo (recente) e a memória autobiográfica. Surgem problemas de linguagem, como a diminuição do vocabulário e a dificuldade para falar; e o paciente passa a ter dificuldade para fazer tarefas simples do dia a dia, como escrever, vestir-se e lembrar de tomar a medicação.

3° fase – A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário. O paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de fazer as mais simples tarefas diárias. Os problemas de memória pioram e o indivíduo pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos, o que representa uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social. A memória de longo prazo vai se perdendo e alterações de comportamento podem se agravar. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência ao cuidado. Incontinência urinária pode aparecer. O paciente pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas e frases são truncadas, permanecendo sem finalização, muitas vezes.

4° fase – O paciente está completamente dependente das pessoas que tomam conta dele. A linguagem está reduzida a frases simples ou até palavras isoladas, levando, eventualmente, a perda da fala. Apesar do prejuízo da linguagem verbal, os pacientes podem compreender e responder com sinais emocionais. No entanto, a agressividade ainda pode estar presente e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns. Há dificuldade para desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda, tal como levar o copo à boca.
Apoio familiar
Mediante este cenário, a família tem papel preponderante na vida do portador da doença, que se torna cada dia mais dependente das pessoas que o cercam. “A família precisa entender que o ambiente deve ser tranquilo, harmonioso ao paciente. A falta de rotina e um ambiente estressado e com brigas é complicado”, reforça a Dra. Cybelle Diniz. Ainda de acordo com a geriatra, o cuidador familiar, nome dado à pessoa responsável pelo paciente, precisa cuidar da própria saúde, pois tem grande chance de adquirir depressão e demais doenças por conta do desgaste a que estão sujeitos. Além disso, devem buscar informação de qualidade e procurar a boa convivência com os portadores da doença, incentivada por grupos de apoio em que a troca de experiências entre os cuidadores facilitam compreender melhor o Alzheimer e lidar com os portadores de maneira saudável.

A especialista também reforça o fato de que a medicação para o tratamento inicial está disponível na rede pública, assim como as fraldas geriátricas são vendidas nas farmácias populares a um preço acessível, e que, buscar apoio e informação, e recorrer a uma assistência social para ajuda domiciliar são ações que podem facilitar a vida dos pacientes e daqueles que também vivem a doença.
Cenário atual

75% dos portadores da doença de Alzheimer (DA) não foram diagnosticados, segundo relatório divulgado este mês de setembro pelo ADI (Alzheimers Disease International), ligado à Organização Mundial da Saúde. O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do Kings College, em Londres.

Para o ADI, que reúne 76 associações dedicadas à doença, 36 milhões de indivíduos no mundo convivem com o Alzheimer, sendo que três quartos desconhecem a doença, de acordo com o relatório, que mostra ainda que nos países mais ricos, 20% a 50% dos casos são reconhecidos e documentados, enquanto que nos mais pobres, a proporção pode chegar a apenas 10%. Os cientistas responsáveis pelo estudo acreditam que cada país precisa de uma estratégia nacional que promova o diagnóstico antecipado e um cuidado contínuo posterior, com o lema “gastar agora para economizar mais tarde”.

A pesquisa também demonstra que as intervenções podem fazer diferença até mesmo nas etapas iniciais da doença, melhorando a cognição, independência e qualidade de vida.

Fonte: Saúde em Pauta Online.