Conforme apontam vários estudos, existe uma correlação positiva entre atividade física e a saúde do idoso (1). No entanto, apesar do conhecimento acerca da importância da atividade física na vida dos indivíduos, grande parte da população mantém um estilo de vida sedentário, inclusive os idosos.
A atividade física vem sendo apontada como um dos fatores comportamentais que contribui para um envelhecimento saudável, prevenção da morbidade e mortalidade em idosos (2), uma vez que reduz o risco de doenças coronárias, diabetes, osteoporose e hipertensão, entre outras (3); atuando positivamente na saúde mental (4) e na prevenção de quedas (5).
Sobre o sedentarismo entre os indivíduos idosos podemos verificar que em um estudo realizado pelo Ministério da Saúde (6), em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, ficou constatado que 53,7% dos homens idosos e que 58,3% das mulheres idosas são fisicamente inativos (7).
Freitas (8) ressalta que há evidências demonstrando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo, na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento, minimizando a degeneração provocada pelo envelhecimento e, assim, propiciar uma melhoria geral na saúde e qualidade de vida.
Gáspari & Schwartz (9), constataram que indivíduos idosos procuram atividades de lazer para diversão, ampliação do rol de amizades, conhecimento de lugares novos, convivência e troca de experiências de vida com outras pessoas.
A adesão à atividade física diminui com o passar da idade, a partir da adolescência e da idade adulta jovem, caracterizada por volta dos cinqüenta anos. Esse declínio continua com proporções maiores de não-adesão em ambos os sexos aos oitenta anos. Há indicativos de que mulheres idosas alegam estereótipos para se tornar sedentárias, acreditando que é inapropriado ou perigoso serem fisicamente ativas, por causa do declínio físico e da percepção de estarem muito velhas (10).
A partir do momento que o idoso começa a participar de um programa de exercício físico, pode-se identificar um passo significativo para uma mudança positiva de comportamento. Porém, são necessários esforços por parte dos gestores e professores do programa para evitar o abandono/desistência, uma vez que há registros de desistência significativamente altos nos programas de exercício físico e/ou reabilitação, especialmente, nos primeiros três a cinco meses (11).
Debert (12) entende que a atividade física para o idoso representa uma forma de negar o envelhecimento, pois para os velhos manter a capacidade de autonomia e independência é essencial para os sentimentos positivos em relação à auto-estima. Siqueira(13) acredita que as pessoas na velhice devem manter os mesmos níveis de atividade dos estágios anteriores da vida adulta, substituindo papéis sociais perdidos com o processo de envelhecimento por novos papéis, de modo que o bem-estar na velhice seria resultado do incremento dessas atividades.
Concluindo temos que a manutenção da capacidade funcional dos idosos é um dos fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida dessa população. Nesse sentido, a prática de atividades físicas é um importante meio para se alcançar esse objetivo, devendo ser estimulada ao longo da vida. Especificamente nessa faixa etária, deve-se priorizar o desenvolvimento da capacidade aeróbica, flexibilidade, equilíbrio, resistência e força muscular de acordo com as peculiaridades dessa população, de modo a proporcionar uma série de benefícios específicos à saúde biopsicossocial do idoso (14).
Assim sendo, se faz necessário compreender mais detalhadamente os fatores associados às práticas de atividades físicas, para a elaboração de estratégias específicas de intervenção promovendo a adesão dessa população a essas atividades.
REFERÊNCIAS
1- AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on exercise and physical activity for older adults. Medicine and Science in Sports Exercise,v.30,n.6,p.992-1.008,1998.Disponívelem: http://www.acsm.org/AM/Template.cfm?Section=Past_Roundtables&Template=/CM/ContentDisplay.cfm&ContentID=2836.
2- BOOTH, F.W., GORDON, S.E., CARLSON, C.J., HAMILTON, M,T. (2000) "Waging war on modern chronic diseases: primary prevention through exercise biology". Journalof Applied Physiology. v.88, n.2, p. 774-787.
3- BOUCHARD, C. & DESPRES, J. (1995). "Physical activity and health: Atherosclerotic, metabolic and hypertensive diseases". Research Quarterly for Exercise and Sport. Vol. 66, p. 268-275.
4- NETZ, Y., WU, M. J., BECKER, B. J., & TENENBAUM, G. (2005). "Physical activity and psychological well-being in advanced age: A meta-analysis of intervention studies". Psychology and Aging. Vol. 20, p. 272-284.
5- BARNETT, A., SMITH, B., LORD, S. R., WILLIAMS, M., & BAUMAND, A. (2003) "Community-based group exercise improves balance and reduces falls in at-risk older people: A randomised controlled trial". Age and Ageing. Vol. 32, p. 407-414.
6- BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigitel Brasil 2007: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico.Brasília,2008.Disponívelem:.
7- Barboza Eiras, Hey Alexandre da Silva, Lange de Souza, Vendruscolo. “FATORES DE ADESÃO E MANUTENÇÃO DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA POR PARTE DE IDOSOS”. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 31, n. 2, p. 75-89, janeiro 2010.
8- FREITAS, C.M.S.M. SANTIAGO, M.S. VIANA, A.T. LEÃO, A.C. FREYRE, C. Aspectos motivacionais que influenciam a adesão e manutenção de idosos a programas de exercícios físicos. Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 2007;9(1):92-100.
9- DE GASPARI, J. C.; SCHWARTZ, G. M. O idoso e a ressignificação emocional do lazer. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 21, n.1, p.69-76, jan-abr 2005.
10- ANDREOTTI, M. C.; OKUMA, S. S. Perfil sóciodemográfico e de adesão inicial de idosos ingressantes em um programa de educação física. Revista da Universidade de São Paulo, 2003.
11- RAMOS, J.H. (2001). "Determinantes de adesão, manutenção e desistência de um Programa de prevenção e reabilitação cardiovascular". Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v. 3, no. 1, p. 112.
12- DEBERT, G. G. A reinvenção da Velhice: Socialização e Processos de Reprivatização do Envelhecimento. Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 1999.
13- SIQUEIRA, M.E.C. Teorias Sociológicas do Envelhecimento. "Tratado de Geriatria e Gerontologia", FREITAS, E. V. et al (org.). Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2002.
14- Maciel , M.G. A Atividade Física e a funcionalidade do idoso.Motriz, Rio Claro, v.16 n.4, p.1024-1032, out./dez. 2010
Autor: FERNANDO DE ANDRÉA
SP, SP, Brazil
Fernando de Andréa - Bacharel em Educação Física EEFEUSP e Mestre em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo (SP), Brasil.