6.6.10

Enxaqueca - A comida também influencia a enxaqueca


Certos alimentos contribuem para o desencadeamento da doença em algumas pessoas, mas não são uma regra. Confira o que os especialistas têm certeza sobre a influência da alimentação sobre a enxaqueca
LAURA LOPES
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Ninguém descobriu ainda tudo o que faz desencadear a enxaqueca. Mas sabe-se que uma alimentação dirigida pode ajudar a melhorá-la. Tem gente que come frutas cítricas e tem enxaqueca. Outras, se ingerirem embutidos, morrem de dor. Há, também, as que têm crises quando comem queijo e chocolate, ou bebem vinho. É tudo muito particular e, por isso, os médicos procuram fugir de algumas regras. Na visão médica, parece bobagem fazer uma lista de alimentos que devem ser evitados para conter a doença. Mas há especialistas que preferem sugerir alimentos que combatam sintomas generalizados da enxaqueca. "Ela é causada por um desequilíbrio de neurotransmissores que resultam numa má gestão das informações pelo cérebro. O cérebro detecta dores onde não há dor fisiológica, que possa ser detectada por exames", afirma Alexandre Feldman, médico autor de cinco livros sobre a doença. Para ele, a alimentação pode influenciar nos níveis desses neurotransmissores no organismo, inclusive da serotonina, considerada um dos mais importantes no processo da enxaqueca.
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Alexandre Feldman não se arrisca a listar alimentos que causam enxaqueca, mas aqueles que a sua ingestão ou não pode preveni-la
Estima-se que 20% da população mundial sofra desse mal. Entender a relação do alimentos com a doença e encontrar uma estratégia para ingeri-los de forma saudável é o desafio do médico. "A enxaqueca tem muitos sintomas, como enjoo, vômitos, aversão à claridade, ao barulho, a cheiros ou sabores. E também pode ser desencadeada por predisposição genética", diz Feldman. Tentar equilibrar a serotonina, em vez de combater cada um dos sintomas, para ele, é o mais sensato a fazer. Para isso, sugere a mudança de alguns hábitos, como diminuir a ingestão de alimentos dos quais o açúcar é rapidamente absorvido pelo organismo, como doces, massas, biscoitos e refrigerantes. "Uma pessoa que sofre de enxaqueca, na hora da dor, passa por um processo de inflamação neurogênica", afirma. Ele também defende que qualquer alimento que contribua para aumentar ou diminuir o quadro inflamatório do organismo deve ser levado em consideração na dieta de alguém que sofra da doença. Confira, abaixo, suas principais dicas.





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 Açúcar Quando o açúcar dos alimentos, em forma de amido, é ingerido em sua forma natural (não-refinada) em uma refeição com gorduras e proteínas saudáveis, sua digestão ocorre lentamente, permitindo que ele entre na corrente sanguínea de forma gradual, ao longo de várias horas. Doces e guloseimas, massas e pães brancos, purê de tubérculos, suco de frutas e refrigerante normal são fontes de açúcar que é rapidamente absorvido pelo corpo, e isso desequilibra o nível de serotonina. Se essa fonte de açúcar for ingerida com algum tipo de gordura saudável, ela demora mais para ser absorvido. Um exemplo: usar manteiga, com parcimônia, no purê de batata. No bolo de brigadeiro com chantilly, no entanto, essa dica não funciona.


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 Ômega 3 e 6 A desproporção entre as gorduras Ômega 3 e 6 favorecem a enxaqueca porque resulta em estados inflamatórios. Nos primórdios, o homem ingeria uma porção de Ômega 3 para cada uma de Ômega 6. No início da agricultura, há 10 mil anos, essa proporção era de 1:4, uma relação boa. Hoje, com o consumo de carnes de animais criados em cativeiro e à base de ração, ela pulou para 1:20-40. A principal fonte do Ômega 3 é animal, enquanto que o Ômega 6 é mais encontrado em fontes vegetais. No entanto, as carnes de hoje são oriundas de animais que se alimentam de ração – de origem vegetal. Portanto, sua carne será rica de Ômega 6, e não 3. Feldman diz que, num galinheiro, quanto mais as galinhas comem cupim e insetos, mais Ômega 3 haverá em sua carne. O gado criado em pasto, por exemplo, incrementa o teor de Omega-3 na carne em cerca de 60% e também gera uma proporção mais favorável entre os dois tipos de gordura. Por isso a importância de consumir carnes orgânicas ou "caipiras". Também há fontes vegetais de Ômega 3, como a linhaça e as nozes. Elas são ricas de ácido alfa linolênico (ALA), que é transformado em Ômega 3 por nosso organismo.


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 Gorduras As gorduras poliinsaturadas, usadas na cozinha (óleo de soja, milho, canola, girassol, algodão e margarina) são pró-inflamatórias porque estão oxidadas e geram radicais livres que provocam inflamação no organismo. Seriam mais saudáveis se ingeridas em pequenas quantidades, terem sido prensadas a frio, como o azeite de oliva, e conservadas em ambiente refrigerado. Neste caso, usar gorduras saturadas – de animais – em poucas quantidades acaba sendo uma solução mais saudável. O azeite, monoinsaturado, só deve ser ingerido cru, sem passar pelo processo de cozimento para não perder suas propriedades benéficas. "Não sou contra a gordura, desde que ela seja a mais apropriada", diz Feldman.


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 Cafeína Presente no café, nos chás escuros, no chocolate e na Coca-Cola, ela estimula o Sistema Nervoso Central. A enxaqueca é definida como um estado de hiperatividade e, ingerindo cafeína, esse estado só tende a aumentar e piorar os sintomas em momentos de crise. O problema é que ela vicia e, a longo prazo, sua falta pode contribuir para a piora dos sintomas, um círculo vicioso que pode não ter fim. Se você tem enxaqueca, melhor ficar longe.