29.4.10

Causas e efeitos do alcoolismo na terceira idade

Você já viu campanhas contra o alcoolismo para jovens? Provavelmente, muitas. E com relação a uma campanha para alertar os idosos sobre o perigo que o estrago representa para a sua saúde? É quase certo que nenhuma. Esta falsa premissa de que o álcool é um tema preocupante apenas para a juventude e não para os idosos, pode estar provocando uma epidemia silenciosa entre esse segmento da população.

Essa falta de atenção com o alcoolismo na terceira idade está resultando em diagnósticos equivocados, que podem ser origem de futuras e graves complicações. Enquanto os meios de comunicação alertam o povo acerca do consumo abusivo do álcool entre os jovens, a verdade é que o próprio sistema não está preparado para detectar facilmente as pessoas idosas que ingerem bebidas etílicas de forma exagerada.

CAUSAS

O consumo de álcool na terceira idade está relacionado a transtornos físicos evidentes e com o agravamento do problema será inevitável que se tomem medidas urgentes, enquanto ainda é tempo. Esses idosos são mais reservados na hora de relatar seus excessos com esta droga, além do que os médicos desconfiam menos dos idosos do que da gente jovem.

Em conseqüência, esse controle para os idosos é muito mais difícil. Fatores sócio demográficos e outros também podem influir para que um idoso abuse do álcool: violências, abandono, isolamento, depressão, outras doenças, dificuldades econômicas, etc.

As tabelas em uso para avaliar se uma pessoa é alcoólatra ou não deveriam aplicar-se às pessoas idosas. Não é razoável admitir que o metabolismo próprio do idoso não afeta a absorção do álcool. Na realidade nesta idade o organismo se torna mais sensível a essa droga. Dessa maneira, quantidades equivalentes de álcool provocam maiores efeitos físicos e psíquicos em idosos.

Geralmente os idosos não tem problemas legais, sociais e profissionais que limitem ou impeçam o consumo de bebidas alcoólicas, apesar de sofrerem danos muito mais sérios do que os jovens. De fato o Instituto Nacional do Alcoolismo e Abuso do Álcool (NIAAA), norte americano, recomenda que não se deve ingerir diariamente, mais de uma bebida alcoólica, a partir dos 60 anos.

Outro ponto importante para diagnosticar corretamente esse tipo de pacientes é contextualizar seu consumo, ou sua vida alcoólica, em outras palavras. Sendo um grande bebedor ou não, disso dependerá que se descarte ou solidifique certas impressões do especialista que estuda o paciente.

EFEITOS

O consumo de álcool por idosos se relaciona geralmente com problemas físicos, psicológicos e mentais (memória, aprendizado, etc). Também leva a uma maior tendência a ficar doente (morbilidade), ter uma pior imagem de si mesmo (auto-estima), fazer mais visitas ao médico, apresentar transtornos depressivos, ter menos satisfação com o(a) parceiro(a) e menos relações sociais do que os abstêmios.

As supostas virtudes terapêuticas do consumo moderado do álcool resumem-se em redução do risco de moléstias coronárias, derrames e demência. Todavia, segundo os autores, esses efeitos dependem do perfil do consumidor que pode não ser bebedor, fazê-lo moderada ou abusivamente, terreno ainda pouco estudado.

TRATAMENTO

Existem poucos estudos que avaliem a eficiência dos diversos tratamentos para idosos alcoólatras. A terapia pode beneficiar e ajudar a reduzir o abuso. Tomar consciência do problema, permitiria ajudar muito a combater o vazio terapêutico existente no tratamento do alcoolismo entre os idosos. Uma das recomendações é a de internação para desintoxicação em pacientes com idade avançada. Outra alternativa são os grupos de apoio.

Neste contexto, a Igreja Batista Carioca e Novo Rumo Obras Sociais colocam à disposição dos interessados um projeto de grande relevância no tratamento do alcoolismo denominado “Celebrando a Recuperação”.

PREVENÇÃO

O tema do uso do álcool por idosos, deve ser redefinido com novos limites, novos critérios, diagnósticos mais precisos e novos instrumentos de prevenção e acompanhamento. Neste contexto, esperamos sensibilizar o Poder Legislativo a criar leis específicas para a terceira idade, atualizando o Estatuto do Idoso, proibindo a venda e o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica por maiores de 60 anos, a exemplo do que já é feito para os menores de 18 anos.


Fonte: Medicina Geriátrica

Idosos ficaram de fora dos programas de prevenção do abuso de álcool

O vício no álcool não arrasa apenas a vida da juventude brasileira. Os idosos, incluindo mulheres, também exageram no álcool e apresentam níveis de dependência tão altos quanto os dos jovens.

O problema é tão sério que duas pesquisas recém publicadas alertam para os riscos do alcoolismo na terceira idade. Os estudos mostram que no Brasil – diferentemente de outros locais do mundo – as pessoas que sobrevivem ao vício continuam fazendo das doses companhias (perigosas) para o resto da vida.

No caso das mulheres, atestou o levantamento feito com 1.145 idosos por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Ribeirão Preto , a parceria com o álcool depois dos 60 anos amplia em até oito vezes o desenvolvimento de doenças cognitivas (demência e Alzheimer). Os resultados estarão publicados na edição de abril da revista Alcoholism Clinical & Experimental Research.

Ressaca

A dependência do álcool faz parte da rotina de 8,2% dos idosos, concluiu o estudo da USP. Já na população em geral, mostram os dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), 10% enfrentam problemas com a bebida, índices muito semelhantes aos encontrados nos mais velhos.

"Ainda que os homens com mais de 60 anos continuem apresentando maior prevalência de uso pesado de álcool (17,4%) também foi muito significativa a presença das idosas nestas estatísticas (3%)", afirmou Cássio Bottino, coordenador do programa de Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da USP e um dos autores do estudo.

Outra pesquisa que também confirma a prevalência do alcoolismo na população que já passou da casa dos 60 anos acaba de ser divulgada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A incidência numérica fica em torno de 10% em qualquer grupo etário (18 a 25 anos; 26 a 45; 45 a 60; e mais de 60).

“No restante do mundo, em especial nos países desenvolvidos, o padrão de consumo de álcool diminui muito depois dos 50 anos, por questões comportamentais principalmente. No Brasil, entretanto, os níveis são alarmantes em qualquer faixa-etária”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, autor do estudo feito com 2.346 pessoas com mais de 18 anos, pesquisadas em 143 cidades brasileiras.

Entre os homens, mostram os dados da Unifesp, 28% bebem em quantidade que já ameaça a saúde (mais de duas vezes por semana) e 11% são comprovadamente dependentes. As mulheres somam 11% no primeiro grupo e 2% no segundo. Apesar da desvantagem numérica com o universo masculino, Laranjeira afirma que a preocupação é semelhante em ambos os sexos.

“Primeiro porque saber que uma em cada dez mulheres bebe de forma não saudável já é alarmante”, afirma. “Outro motivo é que dados preliminares de uma pesquisa que estamos fazendo com adolescentes mostram que as meninas já bebem mais do que os meninos. Isso indica que no intervalo de uma geração, elas já avançaram nas estatísticas.”

Amy Winehouse, Britney Spears, Renatinha e Heleninha Roitman

Os dados mais atualizados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) – divulgados em 2005 – já mostravam que na adolescência, meninos e meninas consomem bebida alcoólica em quantidades semelhantes. Na faixa etária entre 12 e 15 anos, elas e eles apresentam índices de consumo em 5,6%.

É fato que tanto na ficção quanto na vida real, personagens femininas mais novas têm dado rosto para o alcoolismo. Musas teens como Amy Winehouse e Britney Spears são exemplos da dependência antes mesmo de completarem 30 anos.

Na atual trama da Rede Globo, Viver a Vida, Renatinha (interpretada por Bárbara Paz), é um exemplo do vício precoce no álcool. Em 1988, mesmo enredo foi vivido por Heleninha Roitman (Renata Sorrah), na também global Vale Tudo.

A novidade no cenário etílico, endossada pelas pesquisas, é que os dramas reais das jovens alcoólatras também são enfrentados pelas mulheres mais velhas e idosas. “Tanto a pesquisa da USP quanto a da Unifesp mostraram que uma nova geração de idosos, que tem maior liberdade para vários tipos de comportamentos, pode estar retratada pelos altos índices de alcoolismo”, afirmou o pesquisador do assunto do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPQ) e também professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Jerson Laks.

Perto dos bares e longe dos programas de saúde

Os motivos para a manutenção da dependência mesmo depois da chegada da velhice ainda não foram estudados, mas as hipóteses traçadas pelos especialistas caminham entre a genética e as falhas nos programas públicos de saúde.

Ronaldo Laranjeira, o pesquisador da Unifesp, acredita que a influência das propagandas no consumo exagerado de bebidas alcoólicas interfere nos hábitos de qualquer idade, agravada pelo acesso fácil ao produto. Qualquer um compra bebida em qualquer lugar.

“Outro fator é que não há tratamento eficiente na rede pública. Sendo assim, a pessoa não recebe a atenção adequada quando os sintomas do álcool começam a aparecer (entre os 45 e 50 anos) e continuam convivendo com as sequelas com o passar da idade”, diz Laranjeira.

Já o especialista Jerson Laks cita as transformações comportamentais e as questões genéticas. Os idosos foram incentivados a sair, passear, dançar e, no entanto, ficaram à margem dos programas preventivos tanto de doenças sexualmente transmissíveis quanto do uso de álcool e drogas.

“Muitos acreditam que beberam a vida e inteira e não precisam de tratamento depois que a idade chegou. Acreditam nos versos da marchinha carnavalesca de que ‘bebem sim e vão vivendo, tem gente que não bebe e está morrendo”, completa ele. “Temos que ressaltar ainda a possível influência genética. Os genes relacionados ao alcoolismo podem interferir tanto nos mais jovens, quanto nos mais velhos, quando estes sobrevivem ao vício.”

Fonte: Medicina Geriátrica

Consumo de álcool e risco de demência

A demência se tornará um dos maiores desafios do próximo século, principalmente devido à enorme demanda que impõe aos serviços de saúde. Atualmente, observa-se que o risco de desenvolvimento de demência tem sido associado ao uso excessivo de álcool, possivelmente devido aos efeitos neurotóxicos dessa substância.

Em função da China ter despontado como importante centro de produção e uso de álcool, um estudo prospectivo foi desenvolvido para investigar a associação entre o uso de álcool e o desenvolvimento de demência no país, além de identificar a interferência de variáveis como faixa etária, gênero, nível de escolaridade e uso de tabaco sobre essa relação.

A presente pesquisa contou com a colaboração de 2632 participantes, de idade superior a 60 anos, selecionados aleatoriamente e acompanhados durante um período de 2 anos, do ano de 2001 a 2003.

Com fins diagnósticos, todos os participantes foram submetidos a testes neuropsicológicos, exame clínico e entrevista com familiar ou informante que pudesse declarar a respeito do funcionamento cognitivo do participante. Assim, entre os participantes, os casos positivos de demência puderam ser categorizados em 2 classes, ou seja, demência do tipo Alzheimer e do tipo vascular.

Durante a entrevista, os participantes também foram questionados a respeito do uso de bebidas alcoólicas, em termos do tipo (ex.: vinho, cerveja ou destilados), quantidade e freqüência de uso. Assim, foram divididos em 3 categorias de consumo, ou seja, não-uso, uso de leve a moderado e uso excessivo de álcool.

Quanto aos resultados, conforme os autores, na entrevista inicial, 41,2% dos participantes foram categorizados como não-usuários, 52,4% como de uso leve a moderado e 6,3% de uso excessivo de álcool. Entre os usuários de álcool, os destilados foram a bebida de escolha, seguidos pela cerveja e, finalmente, pelo vinho. Durante o acompanhamento do estudo, 121 casos de demência foram diagnosticados.

Corrigidas as contribuições dos fatores de confusão, em comparação a não-usuários, o beber moderado associou-se a um menor risco de desenvolvimento de demência, dentre os quais o sexo masculino apresentou níveis de incidência reduzidos.

Novamente em relação ao não-uso, o uso de leve a moderado de vinho e cerveja apresentaram, respectivamente, menor e maior risco ao desenvolvimento de demência. Porém, não houve outras diferenças de risco entre as demais categorias de uso de cerveja e tampouco surgiu para o uso de destilados.

Assim, conforme os autores, acredita-se que o uso de álcool, de leve a moderado, reduza o risco de incidência de demência. Talvez essa influência deva-se aos efeitos cardioprotetores associados ao uso de álcool, entre eles, a diminuição dos níveis séricos de lipídeos e lipoproteínas, diminuição da agregação plaquetária, do risco de oclusão arterial e, finalmente, do aumento do fluxo sanguíneo cerebral.

Porém, essa relação, embora existente, parece depender do tipo de bebida, necessitando de mais estudos para seu melhor esclarecimento.

Fonte: Medicina Geriátrica


23.4.10

Diabetes: Manuais de Nutrição. Público leigo e profissionais de saúde (grátis)



Estão á disposição dos interessados, profissionais de enfermagem, gerontólogos, cuidadores e não profissionais, um material específico para portadores de Diabetes Mellitus.




Basta solicitar via e-mail: longevidadeblog@gmail.com

Manual de Enfermagem - Diabete Mellitus
Manual de Nutrição para Profissionais de Saúde
Manual de Nutrição para público leigo e portadores de diabetes
Manual de Contagem de Carboidratos
Glossário
Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO)



Diabetes: O Que Fazer em Situações Especiais (guia de bolso, grátis)


Está à disposição dos interessados.

O livro Diabetes: O Que Fazer em Situações Especiais é dividido em 38 capítulos e aborda os principais temas relacionados ao cuidado com o diabetes. Direcionado a pacientes e familiares, tenta facilitar a compreensão da doença e suas complicações. Ainda dá dicas de como agir em situações de urgência. Escrito pelo Dr. Walter Minicucci, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes para Assuntos de Comunicação, professor na Unicamp e renomado endocrinologista.

Solicite: longevidadeblog@gmail.com

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Glossário - Sociedade Brasileira de Diabetes

Procuramos relacionar nesta página as palavras e termos técnicos que o público leigo geralmente não conhece o significado. Se a definição que você procura não está aqui, escreva para nós e dê a sua sugestão para o glossário.
Esta área se destina exclusivamente ao recebimento de sugestões para inserção de novos termos ao dicionário. Outras solicitações serão desconsideradas.


Glossário - DiabetesAlto risco
- Presença de várias características indicativas de alta probabilidade de desenvolvimento de uma complicação específica.
Amputação - Ressecção de uma parte terminal de um membro.
Amputação primária - O primeiro procedimento de amputação em uma seqüência até o resultado final (cicatrização ou óbito)
Amputação bilateral - Amputação simultânea de ambas as extremidades inferiores, independentemente do nível da amputação.
Amputação da segunda perna - Amputação de nível maior (major) em paciente que já tenha sido submetido a uma amputação prévia da perna contra-lateral.
Amputação em nível menor (minor) - Desarticulação do médio tarso ou abaixo dele.
Amputação em nível maior (major) - Toda amputação acima do nível do médio tarso.
Angioplastia - Restabelecimento de um lúmen arterial através da técnica ou instrumentação percutânea transluminal.
Autoimunidade - uma condição em que o sistema imunológico do próprio organismo ataca as células. Esta é a base da diabetes tipo 1, em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas e não há mais produção de insulina.*

Glossário -  Diabetes

Bolus de Insulina - insulina de ação rápida injetada antes das refeições para baixar os níveis glicêmicos. Este procedimento tenta imitar a liberação natural da insulina após a refeição, que interrompe a elevação da glicose no sangue. O termo também é usado para descrever a dose de insulina que é bombeada antes da refeição, por bomba de insulina.*
Baixo risco - Ausência ou presença de algumas das características indicativas de alta probabilidade de desenvolvimento de uma complicação específica.

Glossário -  Diabetes

Calçados terapêuticos - Calçados confeccionados para o alívio do estresse biomecânico sobre úlcera e que pode acomodar curativos, faixas.
Calçados protetores - Calçados confeccionados especialmente para prevenir ulcerações.
Calo - Formação hiperqueratótica devido ao excessivo estresse mecânico.
Calorias - unidades que representam a quantidade de energia fornecida pelos alimentos. Carboidrato, proteína e lipídios (gordura) são as principais fontes de calorias da dieta, mas o álcool também contém calorias. Se todas as calorias consumidas não forem usadas como energia, serão armazenadas em forma de gordura.*
Carboidratos - uma das três principais fontes de calorias da dieta. Os carboidratos são provenientes primeiramente do açúcar (carboidrato simples) e do amido (carboidrato complexo, encontrado nos pães, massas e feijões). O carboidrato se transforma em glicose durante a digestão e é o principal nutriente que eleva os níveis glicêmicos.*
Células Beta - as células que produzem insulina. Encontram-se nas ilhotas de Langerhans do pâncreas.*
Celulite - Presença de edema, eritema e calor. Indica uma reação inflamatória, independente da causa.
Cetoacitose ou Coma Diabético - uma condição grave causada por falta de insulina ou pela elevação dos hormônios do estresse. É marcada por altos níveis glicêmicos e pela presença de cetonas na urina, ocorrendo quase exclusivamente nos que têm diabetes tipo 1.*
Cetonas - ácidos produzidos quando o organismo transforma a gordura em energia. O que ocorre quando não há insulina suficiente para que a glicose entre nas células, abastecendo-as, ou quando há excesso de hormônios do estresse.*
Cicatrização - Pele intacta, epitelização funcional.
Claudicação - Dor em um pé, coxa ou panturrilha agravada durante o caminhar e aliviada em repouso, associada a evidências de doença vascular periférica.
Colesterol - uma substância gordurosa usada pelo organismo para construir as paredes das células e produzir vitaminas e hormônios. O fígado produz colesterol suficiente, mas nós ingerimos mais ao comermos produtos de origem animal. Ingerir alimentos com colesterol em excesso e gorduras saturadas faz com que o colesterol se eleve no sangue e se acumule nas paredes dos vasos sangüíneos. Um fator de risco para enfarto e derrame.*
Contagem de Carboidratos - É uma estratégia para o controle da glicemia, pela qual se calculam os gramas de carboidratos ingeridos nas refeições ou lanches, enfatizando a relação entre alimento, atividade física, nível de glicemia e medicação. Este método é utilizado desde 1935 na Europa e foi uma das estratégias utilizadas no estudo de 10 anos, realizado com pessoas portadoras de diabetes, conhecido como DCCT.*
Creatinina - A creatinina é um produto da degradação da fosfocreatina (creatina fosforilada) no músculo, e é geralmente produzida em uma taxa praticamente constante pelo corpo — taxa diretamente proporcional à massa muscular da pessoa: quanto maior a massa, maior a taxa. Através da medida da creatinina do sangue, do volume urinário das 24 horas e da creatinina urinária é possível calcular a taxa de filtração glomerular, que é um parâmetro utilizado para avaliar a função renal.

Glossário -  Diabetes

DCCT - o Diabetes Control and Complications Trial (Estudo do Controle e Complicações do Diabetes) foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Mais de 1.400 pessoas com diabetes tipo 1 foram divididas em dois grupos: aqueles que almejavam níveis glicêmicos próximos aos normais e os que tinham metas padronizadas. O estudo demonstrou que o controle glicêmico rígido reduz o risco de desenvolvimento das complicações diabéticas.*
Debridamento - Remoção do tecido desvitalizado.
Deformidade do pé - Anormalides estruturais no pé, tais como: presença de dedos em martelo, dedos em garras, hálux valgo, proeminências de cabeças de metatarsos,condições subseqüentes à neuro-osteoartropatia, amputações, ou após outras cirurgias do pé.
Descarga do peso - Retirada da carga do peso de uma determinada área do pé, mediante o uso estrito de muletas, cadeiras de rodas ou outros instrumentos ortóticos.
Diabetes - uma doença em que o organismo não produz insulina ou não consegue utilizá-la adequadamente. Caracteriza-se pelos altos níveis de glicose no sangue.*
Diabetes Gestacional - o diabetes que se desenvolve durante a gravidez. A glicemia materna se eleva em resposta aos hormônios liberados durante a gestação e a mãe não consegue produzir insulina suficiente para dar conta dos altos níveis de glicose que circulam no sangue. Embora o diabetes gestacional geralmente desapareça após a gravidez, aproximadamente 60% das mulheres que a tiveram acabam desenvolvendo o diabetes tipo 2.*
DM 1 - Uma forma de diabetes que tende a se desenvolver antes dos 30 anos. Geralmente é causada pelo ataque do sistema imunológico às células beta do pâncreas e este fica impossibilitado de produzir insulina. Estes diabéticos precisam tomar insulina para sobreviver.*
DM 2 - Esta forma de diabetes costuma ocorrer em pessoas com mais de 40 anos, mas pode se desenvolver nos mais jovens, especialmente nas minorias. Quase todas as pessoas que desenvolvem o diabetes tipo 2 são insulinorresistentes e a maioria tem problemas com a secreção da insulina. Alguns simplesmente não conseguem produzir insulina suficiente para satisfazer o organismo e outros têm uma combinação destes problemas. Muitos a doença com dieta e exercício, mas alguns precisam também tomar remédios ou insulina.*
Doença Vascular Periférica (DVP) - Presença de sinais clínicos, tais como a ausência de pulsação nos pés, histórico de claudicação intermitente, dor em repouso e/ou anormalidades na avaliação vascular não invasiva, indicando circulação alterada ou danificada.
Dor em repouso - Dor intensa e persistente localizada no pé e freqüentemente aliviada na dependência.



Glossário -  Diabetes

Endocrinologia - o estudo dos hormônios em funcionamento no organismo. Como a insulina é um hormônio, o diabetes é uma doença do sistema endócrino. Muitos "médicos de diabetes" são endocrinologistas.*
Edema - Inchaço do pé suficientemente acentuado para deixar a marca da pressão efetuada por um dedo.
Equipe de Apoio - o grupo de profissionais de saúde que auxilia os pacientes na administração do diabetes. Esta equipe deve ser formada por médico, nutricionista, oftalmologista, professor de educação física, dentista, dermatologista e podiatra.*
Eritema - Vermelhidão
Exames ou Testes de Urina - exames que mensuram as substâncias na urina. Os exames de urina para níveis glicêmicos não fornecem informações a tempo, o que é tão importante para o controle da glicemia. Os exames de urina para cetonas, também chamados de cetonúrias, são muito úteis para monitorizar o controle do diabetes e importantes para prevenir a cetoacidose.*



Glossário -  Diabetes

Gestante Diabética - é quando a mulher que já tem diabetes está grávida. É muito importante conversar com o médico antes de engravidar, pois a mulher precisará de alguns cuidados especiais.*
Glicemia - A glicemia é a taxa de glicose (açúcar) no sangue. Ela varia em função da nossa alimentação e nossa atividade. Uma pessoa em situação de equilíbrio glicêmico (ou homeostase) possui uma glicemia que varia, em geral, de 0,80 a 1,1g/L. Uma taxa de glicose superior a 1,26g/L indica um risco de diabete de 50%.*
Glico-Hemoglobina ou Hemoglobina Glicolisada (HbAlc) - descreve o acoplamento da glicose aos glóbulos vermelhos. Quando a glicemia está alta, a porcentagem de glicose acoplada aos glóbulos vermelhos aumenta. Este exame de sangue avalia o controle médio da glicemia nos últimos três ou quatro meses. Este tipo de exame mensura a hemoglobina Alc (HbAlc).*
Glicose - forma simples de açúcar que serve como combustível para o organismo. Ela é produzida com a "quebra" dos alimentos no sistema digestivo. O sangue carrega a glicose para as células. A quantidade de glicose no sangue é conhecida como nível glicêmico ou glicemia.
Glicosímetro (Medidor de Glicemia) - um instrumento manual que testa o nível de glicose no sangue. Coloca-se uma gota de sangue (obtida através de uma picada no dedo) em uma pequena fita reagente, que é inserida no medidor. Este, por sua vez, calcula e mostra o nível glicêmico.*
Glucagon - hormônio produzido pelo pâncreas que eleva os níveis glicêmicos. Reações insulínicas graves são tratadas com um preparado injetável, adquirido sob receita médica.*
Gangrena - Necrose contínua da pele e das estruturas subjacentes, músculos, tendões, articulações ou ossos, indicando danos irreversíveis nos quais a cicatrização não pode ser obtida sem a perda de alguma parte da extremidade.
Gorduras - as fontes mais concentradas de calorias da dieta. A gordura saturada encontra-se principalmente nos produtos de origem animal. As gorduras insaturadas originam-se basicamente dos vegetais e podem ser monoinsaturadas (óleo de oliva e de canola) ou poliinsaturadas (óleo de milho). A ingestão excessiva de gordura, especialmente saturada, pode causar elevação do colesterol no sangue, aumentando o risco de doenças cardíacas e de derrame. *



Glossário -  Diabetes

Hiperglicemia - uma condição em que os níveis glicêmicos elevam-se demais (geralmente 140 mg/dl ou acima). Os sintomas incluem micção freqüente, mais sede e perda de peso.*
Hipoglicemia (Reação Insulínica) - uma condição em que os níveis glicêmicos baixam demais (geralmente abaixo de 70 mg/dl). Os sintomas incluem mau humor, entorpecimento dos braços e mãos, confusão e tremor ou tontura. Se não for tratada, pode piorar e levar à inconsciência.*
Hipoglicemiantes Orais ou Medicamentos Antidiabéticos Orais - medicamentos tomados oralmente para baixar os níveis glicêmicos. São usados por algumas pessoas portadoras de diabetes tipo 2 e não devem ser confundidos com insulina.*

Glossário -  Diabetes

Índice Glicêmico - É um fator que diferencia os carboidratos. Podemos classificá-los de acordo com a velocidade com que eles entram no sangue. Quanto mais rápido, maior será a descarga de insulina, pois o corpo tenta manter o equilíbrio. Veja mais.*
Imunossupressão - é a repressão ao sistema imunológico. Pessoas que recebem transplantes de rins ou pâncreas tomam drogas imunossupressoras para que o sistema imunológico não ataque o novo órgão.*
Insulina - um hormônio produzido pelo pâncreas que auxilia o organismo a utilizar a glicose. É a "chave" que "abre as portas" das células permitindo a entrada da glicose, que, por sua vez, alimenta as células.*
Insulina Basal - insulina intermediária, ou de ação longa, que é absorvida lentamente e empresta ao organismo um nível baixo e estável de insulina, que imita a liberação insulínica de fundo estável natural do organismo. Termo usado também para descrever a liberação de fundo estável da insulina de ação rápida feita por uma bomba.*
Intolerância à Glicose - condição diagnosticada quando um exame demonstra que o nível glicêmico da pessoa fica entre o normal e o diabetes. Não é considerada uma forma de diabetes, mas as pessoas com esta condição sofrem risco maior de desenvolver a doença.*
Infecção - Invasão e multiplicação de microorganismos nos tecidos corporais, que podem ser clinicamente inaparentes ou resultantes de dano celular local devido ao metabolismo competitivo, toxinas, replicação intracelular, ou resposta imune.
Infecção superficial - Infecção da pele não extensiva ao músculo, tendão, osso ou articulação.
Infecção profunda - Evidência de abscessos, artrite séptica, osteomielite ou tendossinovite séptica.
Isquemia - Sinais de circulação danificada por meio de exames clínicos e/ou testes vasculares.
Isquemia crítica do membro - Dor isquêmica persistente em repouso exigindo analgesia regular por mais de duas semanas e/ou ulceração ou gangrena do pé ou dos pododáctilos, ambas associadas a uma pressão sistólica do tornozelo <>

Glossário -  Diabetes

Metabolismo - termo usado para descrever a captação e utilização da energia para o sustento da vida. O diabetes é uma doença metabólica porque afeta a capacidade do organismo de captar a glicose dos alimentos que será utilizada pelas células.*
mg/dl - miligramas por decilitro. Esta é a unidade de medida usada em referência aos níveis glicêmicos.*

Glossário -  Diabetes

Nefropatia - rim danificado. Esta condição oferece risco de vida. Quando os rins deixam de funcionar, tornam-se necessários a diálise (filtragem do sangue através de uma máquina) ou um transplante.*
Neuropatia - nervos danificados. A forma mais comum de neuropatia é a periférica, que afeta os nervos externos ao cérebro e à coluna vertebral. A neuropatia periférica danifica os nervos motores (que afetam os movimentos voluntários, como caminhar), os nervos sensoriais (que afetam o tato e as sensações) e os nervos autônomos (que afetam funções orgânicas, como a digestão).*
Neuro-osteoartropatia (Pé de Charcot) - Destruição não infecciosa do osso e da articulação. associada à neuropatia
Necrose - Tecido desvitalizado, úmido ou seco, independente do tecido envolvido.
Neuroisquemia - Combinação de neuropatia diabética com isquemia.
Nível de amputação - Desarticulação do dedo, amputação do raio, amputação transmetatarsiana, desarticulação tarso-metatarsiana, desarticulação do médio tarso, desarticulação do tornozelo, amputação transtibial (abaixo do joelho), desarticulação do joelho (através do joelho), amputação transfemural (acima do joelho) e desarticulação do quadril.
Nova amputação - Amputação de uma extremidade com uma amputação prévia cicatrizada.


Glossário -  Diabetes

Obesidade - quantidade anormal e excessiva de gordura física. A maioria das pessoas obesas tem seu peso significativamente acima do normal. Entretanto, a obesidade também ocorre em pessoas que não estão acima do peso, mas que têm mais gordura do que músculos. A obesidade é considerada uma doença crônica. Está em alta e é um fator de risco para as pessoas com diabetes tipo 2.*
Osteíte - Infecção do osso sem o envolvimento da medula óssea.
Osteolmielite - Infecção do osso com o envolvimento da medula óssea.
Órtose - Um instrumento ou aplicativo que controla, corrige ou acomoda uma anormalidade estrutural ou funcional.

Glossário -  Diabetes

Pâncreas - uma glândula em forma de vírgula localizada logo atrás do estômago. Produz enzimas que digerem os alimentos e hormônios que regulam o uso do combustível no organismo, inclusive a insulina e o glucagon. Num pâncreas em pleno funcionamento, a insulina é liberada através de células especiais localizadas em agrupamentos denominados ilhotas de Langerhans.*
Palmilhas - A camada macia da parte interna e inferior de um sapato; geralmente, é removível.
- A estrutura do tornozelo ou abaixo dele.
Pé Diabético - uma das complicações do diabetes é a neuropatia, cuja forma mais comum afeta os nervos periféricos, principalmente dos pés e pernas, prejudicando as sensações de dor, frio e vibração. É importante esclarecer que nem todas as pessoas com diabetes terão neuropatia e que os mal controlados têm mais chance de desenvolvê-la.*
Primeira Amputação - A primeira amputação primária em um indivíduo, em um determinado período, independentemente do lado e do nível da amputação.
Proteína - uma das três principais fontes de calorias na dieta. A proteína fornece material ao organismo para a construção das células sangüíneas, dos tecidos, hormônios, músculos e outras substâncias importantes. Encontra-se nas carnes, ovos, laticínios e em certos vegetais e cereais.*

Glossário -  Diabetes

Recomendações da SBD - normas da Sociedade para o tratamento do diabetes.*
Resistência à Insulina - uma condição em que o organismo não responde à insulina adequadamente. É a causa mais comum da diabetes tipo 2.*
Retinopatia - dano às pequenas veias do olho que pode levar a problemas de visão. Na retinopatia os vasos sangüíneos aumentam e vazam líquido na retina, podendo causar visão embaçada. A retinopatia proliferativa é mais grave e pode causar perda da visão. Neste caso, novos vasos se formam na retina e ramificam-se para outras regiões do olho, o que pode causar vazamento de sangue no líquido dentro do olho, como também descolamento da retina.*
Reamputação - Amputação de uma extremidade com uma amputação prévia não cicatrizada.


Glossário -  Diabetes

Tratamento Intensivo do Diabetes - um modo de tratar a pessoa com diabetes que tem por objetivo atingir níveis glicêmicos próximos aos normais. A abordagem envolve o uso de todos os recursos disponíveis: injeções múltiplas de insulina diariamente, monitoração freqüente da glicemia, exercício físico e dieta.*

Glossário -  Diabetes

UKPDS - United Kingdom Prospective Diabetes Study (Estudo das Perspectivas para o Diabetes do Reino Unido). Um estudo de 20 anos com mais de cinco mil portadores de diabetes tipo 2 demonstrou que os que seguiram um controle intensivo do diabetes conseguiram ter menos complicações.*
Úlcera superficial - Lesão espessada da pele não se estendendo além do subcutâneo.
Úlcera profunda - Lesão espessada da pele estendendo-se além do subcutâneo, que pode envolver músculo, tendão osso e articulação.

Fonte Consultada: *Guia Completo sobre Diabetes da American Diabetes Association, Bruce R. Zimmerman e Elizabeth A. Walker, 608 páginas, Ed. Anima.

18.4.10

Idosos Devem Ter Cuidado na Ingestão de Cobre e Ferro

Pesquisa cientifica associou altos níveis de cobre e ferro com doenças, entre elas Alzheimer, Cardiopatias e outras desordens relacionadas. Em artigo publicado pela American Chemical Society, o professor e pesquisador George Brewer, do Departamento de Genética Humana e Medicina Interna da University of Michigan Medical School, sugere medidas específicas para que idosos evitem a acumulação de quantidades insalubres destes metais em seus corpos.

Brewer afirma no que tanto o cobre quanto a toxicidade de ferro estão atingindo um nível de importância que afeta a saúde pública; "é praticamente desconhecido para a comunidade médica geral, para não dizer completo desconhecimento do público". O pesquisador aponta que o cobre e o ferro são nutrientes essenciais para a vida, com altos níveis realmente benéficos para a saúde reprodutiva dos jovens. Contudo, após 50 anos de idade, níveis elevados destes metais podem danificar as células, contribuindo para uma série de doenças relacionadas à idade.

O pesquisador conclui que uma grande fração da população corre risco de toxicidade do cobre livre e isento de ferro. Portanto, medidas preventivas devem começar agora. O artigo detalha as etapas para indivíduos com idade superior a 50 anos, inclusive evitando pílulas de vitaminas e minerais que contêm cobre e ferro; ingestão de carne de redução: evitar água potável a partir de tubos de cobre; doar sangue regularmente para reduzir os níveis de ferro e tomando suplementos de zinco a níveis mais baixos de cobre.

Fonte:Associação Brasileira de Nutrição


Sinta-se em casa e deixe seu comentário.

11.4.10

Mais sobre o Novo Código de Ética Médica

Novo Código de Ética define como dever do médico garantir 'morte digna'

Cuidados paliativos são voltados a pacientes sem perspectiva de cura.
Código é válido para todo o país e entra em vigor na terça-feira (13).

Emilio Sant'Anna Do G1, em São Paulo

Foto: Emilio Sant`Anna

(Foto: Emilio Sant`Anna)

Dez quartos do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, são reservados para pacientes que recebem cuidados paliativos

Em cima da mesa de Maria Goretti Maciel está a história de alguns dos pacientes que passaram pela Enfermaria de Cuidados Paliativos do Hospital do Servidor Público Estadual. São dois cadernos em que médicos, enfermeiros e os próprios pacientes escrevem um pouco do que vivem entre os dez quartos daquele corredor. São quase dez anos de um serviço pioneiro em São Paulo que se reafirma com o novo Código de Ética Médica que passa a valer em todo o país a partir de terça-feira (13).

  • Aspas

    Quem diz que não tem mais nada o que fazer por algum paciente e manda ele voltar para casa é porque não conhece os cuidados paliativos"

Cuidados paliativos são um conjunto de técnicas médicas voltadas para pacientes com doenças graves, com o objetivo de diminuir o sofrimento físico, psicológico e espiritual. A atenção integral ao doente é o primeiro fundamento da prática que está diretamente ligada à ortotanásia e envolve médicos, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Desde 2006, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza a ortotanásia - que diferentemente da eutanásia não prevê a interrupção da vida do paciente, mas estabelece uma série de preocupações, como a utilização dos cuidados paliativos, para garantir a morte digna. Ou seja, mesmo que a doença não tenha mais cura, o paciente continua a ser cuidado, ouvido, aliviado de sua dor e confortado.

Há vinte anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar que pacientes de câncer fossem tratados com os cuidados paliativos sempre que a doença não respondesse mais aos tratamentos que tentam a cura. Mas o Código de Ética Médica brasileiro não é alterado há mais tempo, desde 1988.

Agora, entre os 118 artigos que fixam os deveres dos médicos, ao lado de itens como os vetos à manipulação genética, à escolha do sexo do embrião e a qualquer tipo de relação comercial com empresas farmacêuticas, pela primeira vez os cuidados paliativos aparecem claramente.

O texto do novo código foi debatido durante mais de dois anos em audiências públicas promovidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). A inclusão dos cuidados paliativos é resultado do trabalho da Câmara Técnica sobre Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, da qual Maria Goretti fez parte.

O texto afirma que "é vedado ao médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal."

Recomendação

Experiência dos médicos e pacientes na enfermaria é escrita em dois cadernos

Apesar da OMS já recomendar o uso dos cuidados paliativos há bastante tempo, a prática só passou a ser mais difundida a partir de 2002 quando a organização refez a recomendação e estendeu o uso dos cuidados paliativos para todas as doenças que ameaçam a vida e não podem mais ser curadas.

Maria Goretti afirma que mesmo assim muitos médicos não fazem o que agora o Conselho Federal de Medicina estabelece como um dever ético dos profissionais e um direito do paciente. Ela diz que ainda hoje são comuns os casos em que os hospitais mandam pacientes de câncer para casa e dizem "não temos mais o que fazer". “Quem diz que não tem mais nada o que fazer por algum paciente e manda ele voltar para casa é porque não conhece os cuidados paliativos”, diz a médica.

Ela conta que saber a verdade sobre o diagnóstico é fundamental para o paciente. Para 50% dos que passam pela porta do ambulatório, a morte será o desfecho de uma luta que geralmente já se estendeu por meses e acabou com as forças dos doentes e seus familiares.

Mesmo assim, ser internado no local não significa um caminho sem volta. Para os outros 50%, o tempo de permanência no ambulatório é de uma semana. “Eles voltam para casa, mas voltam assistidos”, explica a médica.

  • Aspas

    Incrível, eles sempre trazem os travesseiros de casa"

Quando estão internados, os cuidados não se traduzem apenas nos rituais médicos e em comprimidos que aliviam a dor. Muitas vezes, dor maior é a incerteza do que virá.

Nesta hora vale tudo para dar o conforto espiritual que os pacientes procuram. No entanto, saber ouvir o que eles têm a dizer é a primeira lição que Maria Goretti ensina para suas alunas de residência – que passaram a procurar o ambulatório com maior frequência nos últimos anos.

A expectativa dos médicos é agora transformar os cuidados paliativos em especialidade médica, assim como a cardiologia ou a pediatria, por exemplo. A médica Amanda Baptista Aranha é uma das estagiárias que foram procurar no Hospital do Servidor Público Estadual a formação que lhe falta para concluir a residência em geriatria no Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ela conta que o hospital, ligado à Unifesp, tem o serviço de cuidados paliativos, mas ainda não está estruturado da mesma forma que no Servidor Público Estadual. Maria Goretti explica que o diferencial do hospital é ter uma enfermaria inteira dedicada aos cuidados com pacientes com doenças em estágio avançado sem prognóstico de cura. No entanto, ela espera que com o novo código mais hospitais criem serviços similares.


A expectativa dos médicos é agora transformar os cuidados paliativos em especialidade médica

Na ala criada por ela, os estagiários passam cerca de dois meses com o acompanhamento de médicos preceptores, como nas outras residências médicas. No Servidor Público Estadual, esse trabalho fica sob a responsabilidade da médica Sara Krasilic.

Travesseiros

Formada em 1983, Maria Goretti é uma pernambucana de riso fácil. O temperamento parece contrastar com a rotina que experimenta. Ao seu lado, é como se a morte não fosse ocorrência tão comum em sua vida. Enquanto conversa com a reportagem, interrompe a entrevista para observar um senhor que faz parte dos 50% que vão para casa.


Amparado por uma filha, ele vence o longo corredor da enfermaria com um guarda-chuva numa das mãos e o travesseiro embaixo do braço. “Incrível, eles sempre trazem os travesseiros de casa”, conta.

Maria Goretti Maciel e a residente em geriatria Amanda Baptista Aranha

Avessa a qualquer tipo de crença ou “misticismo”, ela diz preferir encarar a morte como uma chance de dar dignidade ao fim dos pacientes. “Um doente morrer não significa que fracassamos com ele”, afirma.

Ela diz ser difícil saber quantos já assistiu nos últimos momentos, mas alguns são mais difíceis ainda de esquecer. Um dos pacientes mais novos que já foram tratados ali tinha 21 anos e um tumor de cérebro agressivo. “Ele tinha uma banda com o irmão e quando já estava em coma, a banda inteira veio e tocou para ele, baixinho é claro. Não sei se ele percebeu, mas foi como o irmão quis se despedir dele”, diz.

Em cima da mesa da médica, os dois livros revelam algumas dessas histórias. Mas só uma frase dita a Maria Goretti pela mulher de um paciente condensa todas: “Ela veio se despedir de mim e disse ‘nunca imaginei que morrer pudesse ser tão simples’.”

CFM

  • Aspas

    A relação médico-paciente é baseada na confiança, se isso é quebrado ofende a classe como um todo"

O novo Código de Ética Médica é resultado de mais de dois anos de trabalho do Conselho Federal de Medicina. Contou com a participação de representantes do Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e entidades como as associações de pacientes.

De acordo com o presidente do CFM, Roberto Luiz d'Avila, a carta de princípios para os profissionais deve ser encarada como um "contrato social". "A relação médico-paciente é baseada na confiança, se isso é quebrado ofende a classe como um todo", afirma d'Avila.

O documento é dividido em princípios gerais, direitos e deveres dos médicos. São 118 deveres dos médicos, entre eles itens que colocam as obrigações éticas em compasso com o avanço da medicina, como a proibição da manipulação genética e a escolha do sexo do bebê durante o processo de reprodução assistida.


O texto do novo código foi debatido durante mais de dois anos em audiências públicas

Porém, o fato de estar claro no novo código não garante que essas práticas serão coibidas. Para isso, a participação da população é fundamental. "A sexagem (escolha do sexo do bebê) já era proibida por resolução do CFM, agora está mais claro. No entanto, quem denuncia?", pergunta.

Outra proibição do novo código é a implantação de embriões supranumerários durante a reprodução assistida. Para aumentar a probabilidade de sucesso, há denúncias de que alguns médicos implantem mais do que quatro embriões a cada tentativa. "Há um consenso internacional que estabelece no máximo quatro embriões", diz d'Avila.

O resultado é que começaram a aparecer gestações de gêmeos e trigêmeos em excesso, resultantes de reprodução assistida.

D'Avila diz que espera ver o novo código popularizado não só entre os médicos, mas também entre os usuários dos sistemas público e privado. Para isso, afirma que o CFM não mede esforços para investigar e punir os médicos quando a falta ética é comprovada. "Entre 60 e 70 médicos que são julgados todos os meses pelo conselho, 50% deles são punidos", diz.

10.4.10

O que é a doença de Parkinson


A doença de Parkinson é uma afecção do sistema nervoso central que acomete principalmente o sistema motor. É uma das condições neurológicas mais freqüentes e sua causa permanece desconhecida. As estatísticas disponíveis revelam que a prevalência da doença de Parkinson na população é de 150 a 200 casos por 100.000 habitantes e a cada ano surgem 20 novos casos por 100.000 habitantes. Os sintomas motores mais comuns são: tremor, rigidez muscular, acinesia e alterações posturais. Entretanto, manifestações não motoras também podem ocorrer, tais como: comprometimento da memória, depressão, alterações do sono e distúrbios do sistema nervoso autônomo.

A doença de Parkinson é uma condição crônica. A evolução dos sintomas é usualmente lenta mas é variável em cada caso. A doença de Parkinson é a forma mais freqüente de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo de doenças que podem ter várias causas e que apresentam em comum os sintomas descritos acima em combinações variáveis, associados ou não a outras manifestações neurológicas. A doença de Parkinson é também chamada de parkinsonismo primário porque é uma doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que um parkinsonismo é secundário naqueles casos em que uma causa pode ser identificada. Cerca de 75% de todas as formas de parkinsonismo correspondem à forma primária.


SINTOMAS INICIAIS
Os primeiros sintomas da doença de Parkinson têm início de modo quase imperceptível o que faz com que o próprio paciente não consiga identificar o início preciso das primeiras manifestações. Muitas vezes, amigos ou familiares são os primeiros a notar as primeiras mudanças. O primeiro sinal pode ser um ou mais dos seguintes:
- sensação de cansaço ou mal-estar no fim do dia;
- caligrafia menos legível ou com tamanho diminuído;
- fala monótona e menos articulada;
- depressão ou isolamento sem motivo aparente;
- lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade;
- dores musculares, principalmente na região lombar;
- um dos braços ou uma perna movimenta-se menos do que a do outro lado;
- a expressão facial perde a espontaneidade;
- diminuição da freqüência dos pisos movimentos tornam-se mais vagarosos, a pessoa permanece por mais tempo em uma mesma posição

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SINTOMAS MOTORES

TREMOR
É o sintoma mais freqüente e o que mais chama a atenção embora não seja o mais incapacitante. Para a maioria dos pacientes, o tremor é o principal motivo que os leva a procurar, pela primeira vez, ajuda médica. O tremor apresenta-se de forma característica: é rítmico, relativamente lento quando comparado com outros tipos de tremor (4 a 7 ciclos por segundo) e ocorre principalmente quando o membro está em repouso. Quando o paciente movimenta um membro, o tremor ali presente cessa de imediato para retornar logo após o fim do movimento. No início da doença, o tremor ocorre em um lado e assim permanece por períodos variáveis de tempo. Após algum tempo, o outro lado também é acometido podendo aparecer na cabeça, mandíbula, lábio, queixo e nos membros inferiores. Situações de estresse emocional ou a sensação de ser observado aumentam visivelmente a intensidade do tremor. Por outro lado, durante estado de relaxamento ou durante o sono, o tremor desaparece por completo.

RIGIDEZ
A rigidez muscular decorre do aumento da resistência que os músculos oferecem quando um segmento do corpo é deslocado passivamente. Em outras palavras: para cada grupo de músculos existem outros que possuem atividade oposta, chamados músculos antagonistas. Dessa forma, quando um músculo é ativado para realizar determinado movimento, em condições normais seu antagonista é inibido para facilitar esse movimento. Na doença de Parkinson, essa inibição não é feita de modo eficaz pois alguns comandos originados do cérebro chegam aos músculos de modo alterado. Como conseqüência, os músculos tornam-se mais tensos e contraídos e o paciente sente-se rígido e com pouca mobilidade. Quando determinado membro é deslocado passivamente pelo examinador, pode-se sentir, superpostos à rigidez, curtos períodos de liberação rítmicos e intermitentes, fenômeno que recebe o nome de sinal da roda denteada.

ACINESIA E BRADICINESIA
O termo acinesia refere-se à redução da quantidade de movimento enquanto que bradicinesia significa lentidão na execução do movimento. O paciente apresenta redução da movimentação espontânea em todas as esferas. A mímica facial torna-se menos expressiva, transmitindo com menor intensidade sentimentos e emoções que, por sua vez, mantém-se preservados. A caligrafia torna-se menos legível e de tamanho reduzido, fenômeno conhecido por micrografia. As atividades diárias, antes realizadas com rapidez e desembaraço, são agora realizadas com vagar e à custa de muito esforço. O paciente anda com passos mais lentos e pode apresentar alguma dificuldade para equilibrar-se. A postura geral do paciente modifica-se: existe predominância dos músculos flexores de modo que a cabeça permanece fletida sobre o tronco, este sobre o abdômen e os membros superiores são mantidos ligeiramente à frente com os antebraços fletidos na altura do cotovelo.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: SINTOMAS NÃO MOTORES
Além dos sintomas motores, muitas outras manifestações podem ocorrer e podem ser tratadas com medicação apropriada. A intensidade desses sintomas é variável em cada caso e podem ou não aparecer em determinado paciente. Entretanto, em alguns casos, constituem motivo de grande desconforto e não devem ser deixados de lado pois sua resolução muitas vezes é possível com medidas médicas adequadas. Alguns desses sintomas serão descritos a seguir.

DEPRESSÃO
Sintomas depressivos ocorrem em 40-50% dos pacientes parkinsonianos. Embora considerada como reativa a uma condição que limita a atividade normal, pacientes com doença de Parkinson costumam ter depressão mais freqüentemente se comparados a pacientes portadores de outras doenças ainda mais incapacitantes. Além disso, em número considerável de casos, a depressão inicia-se antes mesmo do aparecimento dos sintomas clássicos, em um momento em que não há qualquer evidência de incapacidade.
Em alguns pacientes, a depressão pode se acompanhar de ansiedade e, mais raramente, de episódios de agitação. A intensidade dos sintomas depressivos pode variar desde quadros leves até aqueles mais graves em que a depressão torna-se o sintoma mais importante e um dos fatores determinantes de incapacidade. Nesses casos, o tratamento específico com medicamentos antidepressivos é fundamental para o controle dos sintomas.
Alterações emocionais também são comuns. Pacientes podem sentir-se inseguros e temerosos quando submetidos a alguma situação nova. Podem evitar sair ou viajar e muitos tendem a retrair-se e evitar contatos sociais. Alguns perdem a motivação e tornam-se excessivamente dependentes dos familiares.

DISTÚRBIOS DO SONO
Constituem um dos problemas mais comuns. Compreendem uma ampla gama de sintomas que incluem: dificuldade em conciliar o sono, freqüentes despertares durante a noite, sonhos "reais" (em que o paciente tem dificuldade em distinguir o sonho da realidade) e pesadelos. Uma das observações mais comuns é a inversão do ciclo vigília-sono em que o paciente "troca o dia pela noite". Esse fenômeno ocorre lentamente como resultado de uma combinação de fatores (que incluem freqüentes cochilos durante o dia e dificuldade progressiva para dormir à noite) que se auto-perpetuam e culminam em importante inversão do ciclo. Outras vezes, ocorrem movimentos bruscos (pequenos pulos ou movimentos rápidos com os membros) chamados mioclonias que podem ser normais quando ocorrem raramente. Na doença de Parkinson, essa mioclonias podem ser mais freqüentes e intensas e acordar o cônjuge e mesmo o próprio paciente.
O tratamento dos vários distúrbios do sono vai depender de uma série de fatores como idade, tipo específico de sintoma e o quadro clínico do paciente. Medicamentos indutores do sono ou antidepressivos (lembre-se de que a depressão é uma das causas de insônia) podem ser usados. A levodopa, ao mesmo tempo em que pode melhorar a qualidade do sono, por proporcionar maior mobilidade, pode ser um dos fatores na produção de mioclonias e sonhos "reais".

DISTÚRBIOS COGNITIVOS
A maior parte dos pacientes com doença de Parkinson não apresenta declínio intelectual. Isso significa que a capacidade de raciocínio, percepção e julgamento encontram-se intactas. Entretanto, alguns pacientes relatam dificuldades com a memória (geralmente na forma de "brancos" momentâneos), cálculos e em atividades que requerem orientação espacial. Tais alterações podem ocorrer em qualquer estágio da doença mas tendem a ser mais intensas nas fases mais adiantadas e nos pacientes mais idosos. Por outro lado, demência franca pode ocorrer em cerca de 20% dos pacientes mas, quando ocorre no início da doença, deve-se levar em conta a possibilidade de outros diagnósticos que não a doença de Parkinson.
Muitas vezes, a própria medicação antiparkinsoniana pode contribuir para a produção de alterações mentais. Por exemplo, os anticolinérgicos (grupo de drogas ainda largamente usado principalmente contra o tremor) podem resultar em distúrbios de memória e, em casos mais graves, confusão mental e alucinações. Esses sintomas ocorrem mais freqüentemente em pacientes mais idosos que, em geral, não devem fazer uso desse tipo de medicação. A própria levodopa, bem como os agonistas da dopamina e a amantadina também podem, em alguns casos, desencadear reações semelhantes. Felizmente, todos esses sintomas desaparecem quando o medicamente é suspenso ou as doses são reduzidas.

DISTÚRBIOS DA FALA
A doença de Parkinson, em virtude da localização predominantemente subcortical do processo degenerativo, não produz alterações da linguagem no que diz respeito aos mecanismos de expressão e compreensão da palavra falada e/ou escrita. Dessa forma, as afasias não fazem parte do rol de sintomas que podem acometer o parkinsoniano. Além disso, alguns pacientes podem não apresentar qualquer alteração da fala, seja em relação ao volume de emissão da voz ou à entonação e melodia do fraseado.
Em outros, entretanto, a fala pode estar afetada de modo característico. Tais alterações podem ocorrer no início da doença mas raramente constituem o primeiro sintoma. A primeira manifestação é percebida geralmente por amigos ou familiares que referem dificuldade na compreensão da palavra falada, principalmente ao telefone. A voz torna-se mais fraca, o volume de voz diminui e pode haver certa rouquidão.
Dificuldade na articulação constitui sintoma freqüente em todas as fases da doença, mas pode ser bastante incapacitante nas fases mais avançadas, ou naqueles pacientes nos quais a voz é mais exigida como professores e atores, por exemplo.
Outra característica marcante é o que se denomina fala monótona: as frases são emitidas de modo constante, pausado, com a perda da entonação e cadência naturais que conferem à fala sua musicalidade e capacidade de expressão emocional.
Alguns pacientes tendem a acelerar o ritmo da fala de modo a encurtar o tempo de emissão de uma frase, embaralhando as palavras e dificultando sua compreensão. A essa alteração do ritmo pode-se associar a palilalia, que consiste na repetição de uma sílaba ou palavra uma ou várias vezes, no meio ou no fim de uma frase. Outros pacientes, por sua vez, apresentam significativa redução da velocidade da fala.
Embora a medicação antiparkinsoniana possa reverter algumas dessas dificuldades, a terapia de voz resulta em evidente benefício e deve ser estimulada.

SIALORRÉIA
Ao contrário do que antes se imaginava, o acúmulo de saliva na boca não decorre de aumento de produção de saliva (embora em alguns pacientes isso possa ocorrer) mas de maior dificuldade em degluti-la. Em condições normais, engole-se saliva automaticamente à medida que vai sendo produzida. Na doença de Parkinson, esse comportamento motor automático (assim como vários outros) deixa de ser realizado, o que leva a acúmulo de saliva, que pode escorrer pelo canto da boca. Medicações anticolinérgicas (que inibem a acetilcolina) costumam ser benéficas nesses casos.

DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS
Dificuldade para respirar ou falta de ar após pequenos esforços podem ser sinais de comprometimento cardíaco ou pulmonar. Entretanto, esses mesmos sintomas podem ocorrer como resultado de rigidez e/ou acinesia dos músculos da parede torácica que dificultam a expansão dos pulmões. Nesses casos, um ajuste da medicação antiparkinsoniana deve melhorar o problema.
Por outro lado, a própria levodopa pode causar movimentos anormais nos músculos respiratórios e causar desconforto semelhante, geralmente acompanhado de ruídos respiratórios. Esses sintomas são controlados com pequenas reduções nas doses de levodopa.

DIFICULDADES URINÁRIAS
Podem ocorrer disfunções urinárias como resultado da própria doença ou pela ação de alguns medicamentos. A parede da bexiga pode tornar-se rígida e sua contrações são mais lentas. Medicamentos anticolinérgicos podem precipitar dificuldades urinárias ou agravar disfunções preexistentes.
Podem aparecer de várias formas: urgência urinária (necessidade imperiosa de urinar, muitas vezes sem tempo de chegar ao banheiro), freqüência aumentada de micções, esvaziamento incompleto da bexiga ou dificuldade em iniciar a micção. Patologias locais próprias de idade mais avançada, tais como, aumento da próstata no sexo masculino e flacidez dos músculos pélvicos no sexo feminino, podem contribuir para agravar esses sintomas.

TONTURA E QUEDA DE PRESSÃO ARTERIAL
Sensação de cabeça vazia ou de tonturas vagas, geralmente associada a escurecimento visual quando o paciente se levanta podem ser sinais de queda de pressão arterial dependente da postura (a que se dá o nome de hipotensão ortostática ou hipotensão postural). Existem várias causas para o seu aparecimento e as principais são:
- efeito de medicamentos (levodopa, agonistas da dopamina, alguns antidepressivos, tranqüilizantes, antihipertensivos, diuréticos
- desidratação (principalmente em pacientes mais idosos), diabetes e estados de desnutrição
- doença cardíaca associada
- ação da própria doença de Parkinson
O tratamento da hipotensão postural vai depender da(s) causa(s) específica(s) que for(em) diagnosticada(s). Se houver suspeita de que algum determinado medicamento possa ser a causa, sua dose deve ser reduzida ou o medicamento suspenso. A suplementação de sal na dieta e o uso de medicamentos específicos para evitar quedas importantes da pressão costumam dar bons resultados.

DORES E OUTRAS SENSAÇÕES ANORMAIS
A doença de Parkinson é uma afecção essencialmente motora. Entretanto, é comum o aparecimento de dores musculares em várias regiões do corpo. As áreas mais afetadas são os ombros, braços, membros inferiores e região lombar. Muitas vezes o sintoma que mais incomoda é uma sensação de fadiga muscular que piora em determinadas posições. A explicação mais comum leva em conta a ação do tremor e da rigidez que resultam em aumento da atividade muscular. Por outro lado, essas sensações dolorosas podem ocorrer mesmo quando os sintomas motores são mínimos - o que sugere a existência de outros mecanismos envolvidos. Em alguns casos, sensações dolorosas podem se manifestar meses antes do aparecimento dos primeiros sintomas.
Uma das formas mais conhecidas de sintomas dolorosos na doença de Parkinson são as câimbras. Câimbras nos pés ocorrem geralmente pela manhã (câimbras matinais) ou durante a noite - o que pode acordar o paciente. Câimbras nos pés podem também aparecer durante o caminhar e dificultar a marcha pois os músculos da panturrilha e dos pés entram em espasmo e curvam o pé em arco, com os artelhos em garra. Em alguns pacientes, câimbras nos pés durante o caminhar podem constituir os primeiros sintomas da doença. Mais raro é o aparecimento de câimbras em uma ou ambas as mãos, principalmente durante a realização de movimentos finos.
Alguns pacientes relatam dores musculares na região do ombro e do pescoço, ou mesmo dores de cabeça, relacionadas à rigidez da musculatura cervical. Mais comum é a queixa de dor lombar em pacientes que apresentam alterações posturais com flexão do tronco para a frente. São dores geralmente relacionadas à posição, uma vez que melhoram quando o paciente procura assumir postura mais ereta e tendem a piorar enquanto sentado.
Além das dores musculares, outras sensações desagradáveis podem ocorrer. Sensações de frio em uma ou mais extremidades podem ser muito incômodas. Acometem geralmente os pés ou as mãos mas podem ser internas - geralmente associadas ao trato gastrintestinal. Mais comum é a sensação de calor ou queimação em uma ou mais extremidades ou mesmo referidas como sendo no esôfago ou estômago. As sensações térmicas anormais são variáveis em um mesmo paciente e podem desaparecer por longos períodos de tempo. Geralmente são mais intensas nos períodos em que os sintomas motores também estão piores.
Os mecanismos envolvidos na produção de dor e sensações térmicas anormais em pacientes parkinsonianos não são totalmente conhecidos. De modo geral não há necessidade de medicação analgésica. Quando relacionadas a flutuações motoras, podem responder ao ajuste da medicação antiparkinsoniana. Dores musculares relacionadas a alterações da postura melhoram com fisioterapia e reeducação postural. Câimbras matinais nos pés podem ser controladas com o uso de levodopa de liberação lenta ou com injeções locais de toxina botulínica.


TRATAMENTO FARMACOLÓGICO

Embora, até o presente, não exista cura para a doença de Parkinson, estão disponíveis alguns medicamentos capazes de melhorar significativamente a maioria dos sintomas. A escolha do medicamento vai depender das condições de cada paciente: idade, sintomas predominantes e estágio da doença são alguns dos fatores que o médico deve levar em conta na hora de planejar o tratamento. Os principais medicamentos são os seguintes:

LEVODOPA
A levodopa é a droga mais eficaz para o alívio dos sintomas parkinsonianos, mas nem sempre ela deve ser administrada no início da doença. Nessa fase, a maioria dos especialistas prefere iniciar o tratamento com medicamentos menos potentes e reservar a levodopa para as fases mais avançadas. A levodopa é um aminoácido cujo nome químico é 3,4- dihidroxi-fenilalanina. É uma substância precursora da dopamina, pois quando sofre a ação da enzima dopa-descarboxilase dá origem à dopamina. Portanto, a administração de levodopa aumenta os níveis de dopamina no cérebro.
A levodopa é rapidamente absorvida na porção proximal do intestino delgado. Alguns fatores como a redução da motilidade do estômago e a ingestão de alimentos ricos em proteínas, próxima do horário da tomada da medicação, podem retardar ou mesmo reduzir a absorção da levodopa. Parte da levodopa é metabolizada em dopamina antes de conseguir atingir o cérebro. A enzima responsável por essa transformação é a dopa-descarboxilase. Por esse motivo, a levodopa é sempre administrada em conjunto com uma substância que inibe a dopa-descarboxilase. Os medicamentos à base de levodopa disponíveis no mercado já vêm associados a um inibidor da dopa-descarboxilase. Existem dois inibidores utilizados clinicamente: carbidopa e benserazida.
Em geral, após 20 a 30 minutos da tomada da medicação, o efeito antiparkinsoniano começa a aparecer. Alguns fatores, como a dieta, podem retardar o início do efeito terapêutico. A duração do efeito de cada dose também é variável e depende, entre outros fatores, do estágio da doença. Nas fases iniciais, quando ainda existem células cerebrais capazes de funcionar como "depósitos", e armazenar a dopamina produzida pela levodopa, cada dose pode ser eficaz durante mais de 6 horas de modo que duas a três tomadas por dia podem ser suficientes para o controle dos sintomas.
Nos primeiros 4-5 anos de tratamento com levodopa, os sintomas podem ser bem controlados com relativa facilidade. Após esse período, muitos pacientes começam a experimentar complicações do tratamento. À medida que a doença progride, e mais células cerebrais degeneram, o cérebro perde a capacidade de armazenamento de dopamina e a duração do efeito torna-se progressivamente menor. Observa-se então o fenômeno de "deterioração do fim da dose", em que os sintomas voltam a aparecer antes da próxima tomada da medicação. Quando isso ocorre, o médico geralmente reduz o intervalo entre as doses de modo a adequar o paciente a essa nova situação. O tempo de benefício vai sendo encurtado progressivamente ao longo do tempo, ocasião em que outras drogas devem ser utilizadas para potencializar a ação da levodopa.
Outra complicação da levodopaterapia é representada pelo aparecimento de discinesias, que são movimentos involuntários anormais de natureza contínua, em forma de dança, que podem acometer os membros, tronco ou face e lembram os movimentos da coréia.
Distúrbios psiquiátricos na forma de alucinações podem ocorrer, principalmente quando doses mais altas são utilizadas. As alucinações são quase sempre visuais, como por exemplo a percepção visual de pessoas estranhas, ou de pessoas já falecidas dentro de casa. São também comuns os delírios, que são idéias ou crenças falsas e sem qualquer embasamento lógico que são interpretadas como verdadeiras.
Náuseas e vômitos podem ocorrer no início do tratamento. Podem ser evitados com o uso de doses pequenas no início e com aumento gradual. Outras vezes, o uso de um antiemético pode ser necessário.

AGONISTAS DA DOPAMINA
São substâncias que têm ação semelhante à dopamina. Diferem da levodopa por não necessitarem de transformação enzimática para serem ativas. São medicações bastante úteis tanto nas fases iniciais em monoterapia (tratamento com um só medicamento), como também nas fases mais avançadas em associação com a levodopa. O efeito farmacológico dos agonistas tem como base sua ação nos chamados receptores da dopamina. Esses receptores, localizados nas células do estriado, são diretamente influenciados pela dopamina que normalmente é produzida na substância negra. Quando ativados por um agonista, esses receptores respondem de maneira semelhante de modo que a função motora pode ser restabelecida a partir desse modo alternativo de estimulação. Uma das grandes vantagens dos agonistas é o maior tempo de duração do efeito de cada dose. Sua utilização nas fases iniciais pode protejer o cérebro contra algumas complicações tardias do tratamento com levodopa ou retardar seu aparecimento.
Os principais agonista utlilizados são o pramipexol, ropinirol, apomorfina e rotigotina. A única substância disponível atualmente no Brasil é o pramipexol.

INIBIDORES DA MAO-B
A enzima monoamino-oxidase-B (MAO-B) ocorre principalmente no cérebro e age na transformação da dopamina em seu metabólito, o ácido homovanílico. É portanto, uma das enzimas responsáveis pela remoção natural da dopamina após ter sido utilizada pelo seu receptor. Drogas inibidoras da MAO-B, como a selegilina, atuam reduzindo a velocidade de remoção da dopamina, aumentando seu tempo de vida útil e elevando os níveis de dopamina. O efeito sintomático obtido com a selegilina é discreto mas muitas vezes suficiente para o controle dos sintomas iniciais da doença. Quando administrado em conjunto com a levodopa, pode potencializar sua eficácia, aumentando a duração do efeito antiparkinsoniano. Deve ser administrada na primeira parte do dia em uma ou duas tomadas. Quando administradas à noite, podem causar insônia.
Durante alguns anos, levou-se seriamente em consideração que a selegilina poderia agir como agente neuroprotetor, prevenindo ou ao menos retardando a progressão da doença. Essa idéia surgiu do conhecimento de que o metabolismo da dopamina produzia radicais livres. Como conseqüência, a redução desse metabolismo induzida pela selegilina poderia contribuir para menor produção desses radicais livres. Entretanto, estudos detalhados envolvendo centenas de pacientes durante quase uma década não conseguiram provar essa hipótese.

INIBIDORES DA COMT
Outra enzima importante no metabolismo da dopamina é a catecol-O-metil-transferase (COMT). Ocorre tanto no cérebro quanto fora dele e é responsável, junto com a MAO-B, pela remoção de dopamina. Entretanto, essa enzima atua também sofre a levodopa, transformando-a em 3-O-metildopa, uma substância sem efeito terapêutico. Dessa forma, parte da levodopa é perdida pois somente a porção restante vai entrar no cérebro e ser transformada em dopamina. Medicamentos que inibem a COMT, como a tolcapona e a entacapona são utilizados para aumentar a eficácia da levodopa nas fases em que ocorrem oscilações importantes do efeito terapêutico. Existem algumas diferenças entre as duas drogas disponíveis. Enquanto que a tolcapona atua tanto fora como dentro do cérebro, a entacapona atua apenas fora do cérebro. Tal diferença não implicaria, por si só, na determinação da eficácia de cada uma dessas drogas, uma vez que o passo realmente importante a ser inibido situa-se fora do cérebro. Entretanto, as observações até o presente sugerem eficácia ligeiramente menor da entacapona.
Por outro lado, o relato de raras complicações hepáticas, após o uso de tolcapona tornou seu uso menos disseminado e reservado apenas a situações específicas. Outros efeitos colaterais dessa classe de medicamentos relacionam-se ao aumento da atividade da dopamina (aumento de discinesias, alucinações e queda da pressão arterial) de modo que seu uso deve ser sempre acompanhado de redução da dose de levodopa.
Diarréia tem sido observada em pequena porcentagem de pacientes que utilizam esses medicamentos e obriga, quase sempre, a sua retirada.

AMANTADINA
Originalmente uma droga antiviral, teve sua ação antiparkinsoniana descoberta por acaso. Apresenta ação apenas moderada e tem sido ainda hoje bastante utilizada nas fases iniciais da doença. Seu perfil farmacológico é curioso, tendo sido considerada durante muitos anos apenas como tendo leve ação anticolinérgica e dopaminérgica. Atualmente, sabe-se que a amantadina atua também como antagonista de receptores excitatórios. Tais receptores existem normalmente em várias regiões do cérebro e respondem a determinados neurotransmissores excitatórios como o glutamato. Em determinadas situações, essa transmissão excitatória torna-se exagerada, podendo levar a dano celular em um processo denominado excitotoxicidade. O uso da amantadina ampliou-se nos últimos anos como adjuvante nos casos de flutuações motoras importantes e há quem defenda a possibilidade de que possa atuar como droga neuroprotetora.
Efeitos colaterais da amantadina incluem alterações vasculares periféricas na forma de manchas cutâneas nas pernas (livedo reticular), inchaço nas pernas, secura da boca, obstipação intestinal, confusão mental e alucinações.

ANTICOLINÉRGICOS
São substâncias que inibem a ação da acetilcolina. Foram os primeiros medicamentos utilizados no tratamento da doença de Parkinson. Drogas anticolinérgicas atuam como antiparkinsonianas ao restabelecer o equilíbrio entre acetilcolina e dopamina que ocorre na doença de Parkinson. Têm ação apenas moderada e agem principalmente contra o tremor. Nem sempre são drogas bem toleradas, principalmente em pacientes idosos. Entretanto, pode ser uma boa opção em pacientes jovens, nos quais se deseja adiar a introdução da levodopa e quando o tremor é o sintoma predominante.
As drogas disponíveis em nosso meio, o biperideno e a trihexifenidila são equivalentes e podem ser toleradas de modo diverso em cada paciente.
Os efeitos colaterais podem ser periféricos e centrais. Os periféricos incluem boca seca, borramento visual, obstipação intestinal e dificuldade para iniciar a micção. Os efeitos centrais são mais freqüentes nos idosos e incluem: sonolência, perda de memória, confusão e alucinações.

publicado em: ParkinsonOnLine