18.9.09

Alzheimer -Terapia Afetiva


Estudo realizado pela aluna de psicologia e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Luciana Teixeira Guimarães, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), investigou os benefícios propiciados pela terapia assistida com animais, em idosos institucionalizados com diagnóstico de processo de demência tipo Alzheimer. A revelação é que os idosos, sobretudo quando institucionalizados, sentem uma enorme necessidade de receber demonstrações de afeto, como o toque, atenção e carinho, o que muitas vezes acaba não ocorrendo, pois estão afastados do convívio social. De acordo com Teixeira, a terapia com animais enfatiza bastante o tato e o contato, além de exercitar habilidades cognitivas como a memória afetiva, ou seja, aquela despertada por algum fato que traz lembranças com certa ligação afetiva.


A coleta de dados ocorreu por meio de observação, durante o tratamento em atividade assistida do Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais (INATAA) - "Projeto Cão do Idoso", realizado na Associação Beneficente A Mão Branca de Amparo aos Idosos, em São paulo. O método aponta diversos benefícios aos pacientes, tais como: diminuição da pressão sanguínea e frequência cardíaca, do uso de calmante e antidepressivo; melhora do sistema imunológico; estímulo da interação social; melhora da capacidade motora; diminuição da quantidade de medicamentos utilizados e melhoria da auto-confiança e auto-estima.

Segundo Teixeira, o projeto recebe o acompanhamento de profissionais de diversas áreas. Veterinários, psicólogos e assistentes sociais são alguns especialistas envolvidos. Os cachorros estão sempre muito limpos e com exames que comprovam sua saúde. São escolhidos levando-se em conta as necessidades dos assistidos, uma avaliação de comportamento, para impedir situações desagradáveis, como mordidas, latidos inadequados, brigas com outros cães, inquietude, ou mesmo a falta de interesse na interação.

"Na relação com o cachorro permeiam-se sensações, emoções, palavras, imagens e posturas. O animal passa a ser um caminho pelo qual o idoso pode expressar de forma corporal e simbólica com suas lembranças, seus sentimentos, pensamentos e conceitos. Recordar vivências é o caminho da re-significação da história pessoal presente. Caso estas senhoras tivessem suas comunicações invalidadas, consideradas sem sentido, avaliadas em falsas memórias, a sua verbalização diminuiria, o que poderia acarretar no avanço da situação de Alzheimer", finaliza Teixeira.

A pesquisa foi orientada pela professora Regina Célia Gorodscy, doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e co-orientada pela docente Ruth Lopes, coordenadora do Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia, da PUC-SP.

7.9.09

Terapia Ocupacional: alternativa para os idosos



A Terapia Ocupacional geriátrica tem como objetivo intervir no processo de adaptação ao envelhecimento. Para tanto, busca juntamente com o cliente, familiares e ou cuidadores, soluções que beneficiem e facilitem o dia-a-dia do idoso.Na atuação com o idoso, a Terapia Ocupacional age como um facilitador que capacita o mesmo a fazer o melhor uso possível das capacidades remanescentes, a tomar suas próprias decisões e lhe assegurar uma conscientização de alternativas realísticas.

Razão pela qual utiliza como método a aplicação e orientação de atividades intencionais e significativas para a promoção do desenvolvimento pessoal e da autonomia. Focar a independência é a linha orientadora da intervenção do terapeuta ocupacional, estimulando as áreas de auto-cuidado, trabalho e lazer. Intervindo nos níveis preventivo, curativo e de reabilitação.

A Terapia Ocupacional em Geriatria/Gerontologia objetiva manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional do idoso, buscando mantê-lo ativo e independente o máximo de tempo possível. Pode envolver um atendimento particular ou em instituições para idosos, e em ambos os contextos, o terapeuta ocupacional aborda elementos como independência, saúde, segurança e integração social.

O objetivo geral do atendimento ao idoso é promover seu desempenho nas suas atividades de vida diária (AVDs), o que inclui alimentação, vestuário, higiene e locomoção deste indivíduo; nas atividades instrumentais de vida diária (AIVDs), como capacidade de administração das atividades do domicílio e de fazer compras; e nas atividades de trabalho e de lazer.

O Terapeuta Ocupacional pode atuar junto a idosos com comprometimentos neuro-psico-geriátricos, como em casos de demências, parkinson, alzheimer e depressão; em casos de doenças ou agravos do sistema músculo-esquelético, como artrites, artroses, osteoporose e fraturas; e em casos de doenças do aparelho circulatório, como o acidente vascular encefálico, visto que tais agravos possuem um grande potencial incapacitante para o indivíduo idoso, pois afetam diretamente suas funções motoras, sua autoestima, auto-confiança e motivação e seus aspectos cognitivos, como atenção, concentração e memória, gerando sentimentos de frustração, inutilidade, dependência para a realização de atividades e isolamento social.

Cabe ao terapeuta ocupacional avaliar o cliente quanto aos aspectos físico, psíquico e social, para que a partir disso, possa identificar as necessidades desse idoso, e assim organizar o plano de atendimento que melhor auxilie na recuperação deste indivíduo, tornando-o ativo e independente nos meios de que participa, devolvendo a este idoso o sentimento de valorização pessoal, ao mesmo tempo em que o integra novamente à sociedade.

Dentre os objetivos específicos mais comuns de atuação do Terapeuta Ocupacional junto ao idoso, encontram-se aqueles relacionados à força muscular, amplitude articular, coordenação motora fina e global, equilíbrio, sociabilização, auto-confiança, autoestima, lazer, solidão, agressividade, comunicação, atenção, concentração, memória, orientação espaço-temporal, cuidados pessoais, condicionamento funcional, expressividade, esquema corporal, integração corporal, marcha, organização postural, independência nas atividades de vida diária, organização do tempo livre e adaptação do domicilio. Neste último aspecto, o terapeuta detecta os riscos à saúde do idoso em seu ambiente doméstico, realizando modificações de modo a permitir uma mobilidade e utilização dos espaços com maior segurança, facilitar o alcance de objetos e possibilitar uma maior independência na realização de atividades dentro do lar.

FERNANDA RODRIGUES é terapeuta ocupacional, especialista em saúde do idoso e graduanda em Fisioterapia